terça-feira, 30 de maio de 2023

O reeleito Erdoğan e o futuro da Turquia

A 2ª volta das eleições presidenciais na Turquia, realizadas no dia 28 de Maio, confirmaram a tendência verificada na 1ª volta e deram a vitória a Recep Tayyip Erdoğan com mais de 27 milhões de votos (52,16%), derrotando o candidato Kemal Kılıçdaroğlu que obteve mais de 25 milhões de votos (47,84%). Depois de duas décadas no poder, primeiro como chefe do governo e depois como presidente em dois mandatos, o terceiro mandato presidencial de Recep Erdoğan inicia-se com o país dividido entre a sua linha de estabilidade conservadora e a vontade de mudança que animou o candidato derrotado. 
Porém, Erdoğan prometeu unir a Turquia, combater a inflação que está a afectar a economia e a sociedade turcas e incrementar a gigantesca tarefa de reconstrução das áreas destruídas pelo sismo de 6 de Fevereiro de 2023. Além disso, os desafios de Erdoğan passam pelo seu papel como eventual mediador no processo de paz da Ucrânia, pela sua atitude em relação à NATO e à adesão sueca, pela resolução das questões curdas, pelo apaziguamento da sua relação com a Síria e, de uma forma mais geral, pela construção de um prestígio regional que lhe reconheça o estatuto de potência regional numa zona-charneira entre vários mundos.
Apesar de ter recebido mensagens de felicitações de todo o mundo, incluindo das lideranças dos Estados Unidos e da União Europeia, o facto é que num comício realizado poucas horas antes da votação, Recep Erdoğan acusou o presidente Joe Biden de ter “dado ordens” aos turcos para que o derrotassem nas urnas e o seu adversário Kılıçdaroğlu de se aliar aos interesses ocidentais e de “atacar a Rússia, uma aliada económica e política do país”. Estas tensões não se esquecem facilmente. 
Do que não restam dúvidas é que a presidência de Recep Erdoğan vai dar à Turquia um maior protagonismo na política internacional, embora a sua democracia (árabe) seja diversa das democracias do mundo ocidental.

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