terça-feira, 9 de outubro de 2018

Montserrat Caballé e a união pela cultura

O último adeus a Montserrat Caballé deu origem a uma homenagem nacional e tornou-se num acontecimento político relevante, a mostrar que a democracia funciona até na Catalunha, apesar da existência de alguns dirigentes radicais catalães.
A morte da soprano espanhola de 85 anos de idade acontecida no passado sábado num hospital de Barcelona, a sua terra natal, consternou toda a Espanha porque ela era um dos símbolos da cultura espanhola contemporânea, com um currículo artístico singular em que fez mais de quatro mil apresentações em todo o mundo, entre óperas e recitais.
Num tempo em que as tensões têm subido de tom na Catalunha e pouco tempo depois do presidente da Generalitat ter incitado o povo a assaltar o Parlamento e de ter feito um ultimato ao governo espanhol, as cerimónias fúnebres juntaram alguns dos principais protagonistas do processo, a começar pela Casa Real representada pela Rainha Emérita Sofia de Espanha, mas também o primeiro ministro espanhol Pedro Sanchez, o presidente da Generalitat da Catalunha Quim Torra, o ministro da Cultura espanhol, o líder do Partido Popular e a presidente do Município de Barcelona. Gobierno e Govern unidos por Montserrat Caballé. A união pela cultura.
Todos os jornais publicaram a fotografia da cerimónia fúnebre. Embora todos tivessem reparado que Sanchez e Torra se limitaram a um mero cumprimento protocolar e que não trocaram palavra, a sua simples presença nesta cerimónia ao lado de apoiantes e de adversários da causa catalã, mostra que o diálogo é possível e que só esse caminho pode resolver o problema. Certamente que Quim Torra, tal como Carles Puigdemont, aprenderão que as suas legítimas aspirações independentistas não podem ser satisfeitas através de outra via que não seja a do diálogo.

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