A contínua
chegada à Europa de milhares de refugiados, provenientes sobretudo da Síria e
de outros países em guerra, parece ter acordado as autoridades europeias,
depois de mais de quatro anos de destruição e morte, com o apoio não assumido
de alguns países europeus, sobretudo no que respeita ao fornecimento de armas a
todas as forças anti-Assad. Tal como Saddam
Hussein ou Muammar al-Kaddafi, o presidente Bashar al-Assad não será um modelo
de democrata mas tem uma educação ocidental, embora seja muito hostilizado pelo
ocidente talvez porque esteja no centro de uma luta de interesses estratégicos
e de um conflito étnico-religioso que ultrapassa as suas fronteiras.
Lamentavelmente, os mesmos estrategas ocidentais que não perceberam que o
desaparecimento de Saddam Hussein ou Muammar al-Kaddafi iria desequilibrar os
seus domínios e levaria à grave anarquia e à ascensão de poderes tribais nesses
países, também se voltaram a enganar em relação à Síria e levaram ao aparecimento
do Daesh ou Estado Islâmico.
Durante mais de
quatro anos, nem os Estados Unidos, nem a Rússia, nem os aliados de cada uma
dessas potências, conseguiram parar a guerra, sobretudo porque os americanos e
os europeus tinham como ponto de partida que Bashar al-Assad abandonasse o
poder. Confrontados com males bem piores, os europeus têm vindo a suavizar a
sua agressividade em relação a Bashar al-Assad e começam a aceitar discutir com
ele um governo de transição. Hoje, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas,
Barack Obama e Vladimir Putin vão encontrar-se para falar da Síria e da
Ucrânia.
Entretanto,
perante as repetidas ameaças de intervenção do Daesh em território francês, a
França decidiu intervir em nome da sua segurança nacional e “em legítima defesa”,
mesmo sem integrar a coligação internacional que combate o Daesh. Ontem, seis
aviões franceses, cinco deles Rafale, atacaram e destruíram um campo de treino
jihadista na Síria, depois de ter sido verificado que as populações civis não
seriam molestadas e muitos jornais franceses destacaram e apoiaram esta acção. Esta intervenção tem, entre outros, o significado de que a
França quer estar à mesa das negociações de paz. Então, que essas conversações
venham depressa.
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