Dentro de dias a selecção portuguesa de futebol defronta a equipa alemã, iniciando a sua participação no EURO 2012. As televisões, as rádios e os jornais não falam noutra coisa. A excitação mediática é total e o povo tem sido insistentemente contagiado pelos excitómetros televisivos e radiofónicos. Já se vêem janelas e varandas com algumas bandeiras nacionais numa encenação pseudo-patriótica. A hora H aproxima-se. Sucedem-se as notícias, as reportagens, as conferências de imprensa, os treinos em directo, as entrevistas, as sessões de autógrafos, os forum radiofónicos, os espaços publicitários e as mensagens dos patrocinadores. É um delírio absoluto. Até que, contrariando a euforia quase geral e numa entrevista à TSF, o experiente treinador Manuel José veio dizer que era necessária mais concentração e menos
circo. Que a selecção parece um
big brother e que passa a vida em
festas. Outros concordaram. E eu também. De facto há um ambiente de festa exagerado, que tem transformado os jovens jogadores em vedetas antecipadas. Que se deslumbram. Que se desconcentram. Que passaram uma boa parte do estágio em sessões fotográficas com fins publicitários, como é exemplo o anúncio da Galp que "obrigou" os jogadores a transformarem-se em actores. A televisão mostra-nos tudo isso, o entusiasmo delirante e os carros dos jogadores que são uma afronta aos desempregados e a quem passa fome, enquanto a FPF não modera esta feira de vaidades.
Manuel José está pessimista. Eu também. Gostava de me enganar, porque dessa forma talvez eu me esquecesse do triste espectáculo que tem sido a euforia do apoio à selecção, que muitas vezes se confunde com a bagunça das promoções do Pingo Doce ou do Continente. Se assim fosse, aqui me retrataria pelo meu pessimismo e me regozijaria com as vitórias da selecção. Porém, lamento mas eu não acredito!
Permite-me que faça minhas as tuas palavras.
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