Nos últimos dias
estalou uma curiosa polémica no espaço público onde se interceptam os interesses
da Política e do Jornalismo que, pela sua enorme sensibilidade, muitas
vezes dão origem a mal-entendidos.
Os políticos e os
jornalistas não perseguem exactamente os mesmos objectivos e a mesma verdade. Embora
ambos procurem influenciar a opinião pública, uns visam os favores do
eleitorado, enquanto outros visam influenciar os seus leitores. Como os
leitores também são eleitores, significa que políticos e jornalistas “pescam
nas mesmas águas”.
Todos sabemos
que, em geral, os políticos não são perfeitos, mas também sabemos que os
jornalistas são geralmente muito imperfeitos e se comportam muitas vezes como
agentes político-partidários. A mensagem por eles transmitida não tem apenas um
determinado conteúdo, mas também tem um emissor e um meio de transmissão,
sobretudo com a televisão. Assim, as mensagens transmitidas tornam-se muito
perigosas para a sociedade, porque “o que eles dizem” tem um efeito semelhante
a “balas mágicas” que influenciam ou manipulam os “indefesos” leitores,
ouvintes e telespectadores.
José Rodrigues
dos Santos (JRS) sabe isso muito bem e certamente conhece o livro “You are the
message” de Roger Ailes. A sua recente apresentação na RTP sobre a dívida
pública portuguesa é um caso de desonesta manipulação. Embora o texto que leu
pelo teleponto estivesse formalmente correcto e mostrasse que a dívida pública
portuguesa sobe regularmente desde 2000, o jornalista resolveu encená-lo ao
pior estilo dos talk shows,
transformando numa palhaçada aquilo que podia ser um esclarecimento ou uma
notícia. Só lhe faltou a bandeirinha na lapela para fazer uma leitura ainda
mais distorcida dos gráficos que apresentou. JRS podia ter dito, mas não disse, que a dívida resulta
em larga escala da moeda única e de outras causas muito complexas, incluindo o
despesismo da sua RTP, preferindo insinuar que tudo resultava da acção dos seus
adversários políticos. JRS tem obra escrita sobre Comunicação e sabe que
manipulou e que não foi honesto, o que com ele acontece muitas vezes. É muito
grave, para quem tanta ganha e tão pouco faz na RTP, este seu papel de banal mensageiro
de interesses partidários.
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