No seu percurso
de nove séculos de história, o nosso Portugal regista dois momentos, entre outros, em
que sob a forma de embaixadas ao Papa, mostrou grande exuberância e ostentação.
O primeiro foi a faustosa embaixada de D. Manuel ao Papa Leão X em 1514 que até
incluia um exótico elefante e, o segundo, foi a embaixada de D. João V ao Papa
Clemente XI em 1716, que exibia “uma riqueza nunca vista” segundo os relatos da
época.
Só a cidade de
Roma viu desfilar essas magníficas embaixadas e, por isso, o povo de Lisboa só
veio a saber o que era fausto e ostentação quando em 1807 as tropas de Junot
entraram em Lisboa. Jean-Andoche
Junot
gostava de se passear pela cidade com o seu séquito e o povo deslumbrou-se com
aquelas faustosos comitivas em que era tudo “à grande e à francesa”. Os tempos
mudaram e esse tipo de embaixadas e de ostentações já são coisas do passado.
Porém, o que se
anuncia em relação à visita do Presidente Xi Jinping da República Popular da
China que hoje se inicia, não deixa de nos recordar esses episódios da nossa
história, pois a comitiva chinesa reservou para si um dos melhores hotéis da
cidade por dois mihões de euros e não dispensou as limusinas blindadas que
vieram propositadamente da China, segundo anuncia hoje o jornal i. Era à grande e à francesa, agora vai ser à grande e à chinesa...
Xi Jinping parece
dar grande importância a esta visita e tem razões para isso, até porque a obra deixada
pelos portugueses em Macau terá sido uma agradável surpresa para a China. Por
isso, ele já afirmou que Portugal é uma peça importante na estratégia de
globalização da economia chinesa, não só pela posição que ocupa na Europa mas
também pelas suas relações com os países de língua oficial portuguesa. Mas é
preciso cuidado com os afectos porque os chineses não dão ponto sem nó...
Sem comentários:
Enviar um comentário