segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Espanha: o desporto e a unidade nacional

Todos os jornais espanhóis, mas todos sem excepção, destacam hoje com grandes fotografias de primeira página a conquista pela selecção de Espanha do título de campeã mundial de basquetebol, o que é realmente um feito desportivo notável.
De Madrid à Catalunha, da Cantábria à Andaluzia ou das Baleares às Canárias, a imprensa publica a fotografia dos campeões que “conquistaram o mundo” e dedica-lhes adjectivos como invencíveis, gigantes, gloriosos ou reis do mundo. É uma notável unanimidade que “esquece” outros acontecimentos do momento ou outras rivalidades que estão vivas, como o julgamento do procés catalão, o final de La Vuelta ou a gota fria que afectou o Levante ou, até, os desencontros entre Sanchez e Iglésias para formar ou não formar governo. Esta generalizada uniformidade informativa revela a força do desporto, enquanto cimento que aglutina e reforça a unidade nacional. Por um dia, não há catalães nem bascos, nem galegos ou castelhanos, mas apenas orgulhosos espanhóis.
Os sucessivos governos espanhóis, sobretudo depois da reinstauração da Democracia e da criação das regiões autónomas, compreenderam que no meio das diferenças históricas, culturais e linguísticas, o fenómeno desportivo seria um elemento de coesão nacional, pelo que afectaram sempre generosas fatias orçamentais à promoção da sua prática. Os resultados têm sido compensadores porque a Espanha se tornou realmente numa potência desportiva mundial em diversas modalidades e não apenas no basquetebol.

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