O radicalismo
está a perturbar as sociedades contemporâneas, sobretudo aquelas em que os
valores da democracia e do respeito pelas liberdades estão mais enraizados,
como acontece na generalidade dos países e, em especial, nos países europeus.
O
que vai acontecendo em vários países europeus é perturbador, sobretudo quando as
questões religiosas se chocam com os modelos culturais estabelecidos, o que é
uma consequência da diversidade cultural e da diferenciação económica que os
migrantes encontram nos países de acolhimento.
O mais recente
episódio deste radicalismo aconteceu em França. Samuel Paty tinha 47 anos de
idade e era professor de História e de Geografia no colégio Bois d’Aulne, em
Conflans-Saint-Honorine, nos subúrbios de Paris, mas foi barbaramente assassinado
na passada sexta-feira por um terrorista islâmico porque, numa das suas aulas
em que tratara da liberdade de expressão, terá exibido caricaturas do profeta
Maomé. A França ficou em estado de choque e recordou-se da tragédia do Charlie Hebdo de Janeiro de 2015. Ontem
o professor Paty foi homenageado por toda a nação francesa e pelo presidente
Emmanuel Macron que o condecorou a título póstumo com a Legião de Honra
enquanto, hoje, toda a imprensa francesa evoca e presta homenagem a Samuel
Paty, ao mesmo tempo que elogia e incentiva os professores franceses a não ter
medo de exercer a sua função de educadores em liberdade.
No mundo de
mudança em que vivemos em que tudo parece depender daquilo que corre
irresponsavelmente nas redes sociais, a função dos professores é cada vez mais
importante para a sociedade não só como transmissores de saberes, mas sobretudo
como educadores e agentes da formação cívica dos cidadãos, mas essas tarefas
terão que desempenhadas sem medo e em liberdade.
Claro, mas não nos esqueçamos de que a formação cívica dada nas escolas não é mais do que uma continuação ou complemento da recebida na família. E esta, em muitos casos, infelizmente, deixa muito a desejar, para não dizer que rema em sentido contrário.
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