No próximo dia 10
de Agosto celebra-se o 5º centenário da partida das cinco naus que saíram de
Sevilha, que desceram o rio Guadalquivir e entraram em Sanlúcar de Barrameda,
de onde partiram no dia 20 de Setembro de 2019 para uma viagem às Molucas,
navegando por ocidente. Segundo Le Voyage
de Magellan 1519-1522 (edition Chandeigne, Paris, 2017), seguiam a bordo 237
homens, mas com os que embarcaram nas Canárias e no Brasil, terão sido 242 os
participantes na viagem, sendo 139 espanhóis (64 andaluzes, 29 bascos, 15
castelhanos, 7 galegos, 5 asturianos, 3 navarros, 2 aragoneses, 2 estremenhos,
um murciano e 11 de origem indeterminada), 31 portugueses pelo menos, pois alguns
ter-se-ão feito passar por espanhóis, 26 italianos, 19 franceses, 9 gregos, 5
flamengos, 4 alemães, 2 negros, 2 irlandeses, 2 mestiços sendo um luso-brasileiro e
outro hispano-americano, um inglês, um goês e um malaio. Entre estes homens encontrava-se
Fernão de Magalhães, provavelmente natural da vila transmontana de Sabrosa, que
era o seu experimentado comandante. Era, portanto, uma verdadeira tripulação
internacional, até porque as Espanhas eram então um extenso número de reinos
semi-independentes e ainda não existia um estado espanhol. Daí que tivesse
causado um grande escândalo o parecer da Real Academia de História de Espanha
divulgado no passado dia 10 de Março, em que a viagem iniciada por Magalhães em 1519 foi considerada "plena y exclusivamente española".
Hoje o jornal ABC,
na sua edição de Sevilha, destaca as comemorações do 5º centenário da primeira
viagem à volta do mundo e noticia que os governos espanhol e português
acordaram na celebração conjunta desse acontecimento que foi ibérico, mas
também europeu, pelo que não faz qualquer sentido a exaltação de glórias nacionalistas que
alguns pretenderam introduzir na celebração desta efeméride. Andaram bem os
dois governos peninsulares ao chegarem a um acordo quanto ao processo de
comemorar a primeira viagem à volta ao mundo.
Segundo foi
divulgado, além de muitas outras iniciativas
conjuntas, em 2020 os navios-escolas das Marinhas dos dois países – Buque Escuela
Juan Sebástian Elcano e Navio-Escola Sagres – darão a volta ao mundo seguindo
a mesma rota que seguiu a expedição de Magalhães e Elcano.
Entretanto, a
cidade de Sevilha já reivindica ser o ponto de partida dessa viagem, apesar de
haver problemas de calado para o Elcano
navegar naquele rio e de haver cabos de alta tensão sobre o Guadalquivir. Apesar disso, a edição
local do ABC dá como certa a partida de Sevilha dessa viagem e escolheu exactamente o navio-escola espanhol para ilustrar
a sua capa.
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