A Espanha é o
único país com que temos fronteira terrestre e com ela partilhamos tanta coisa,
desde a história à cultura, passando por muitas outras afinidades, por muitas
interacções económicas e, naturalmente, por muitas rivalidades. A história fez
da Espanha um dos maiores países da União Europeia, pelo seu peso económico e
demográfico, mas também pela sua influência internacional e, por isso, tudo o
que se passa em Espanha é muito importante para Portugal enquanto vizinho, mas
também para a estabilidade europeia, sobretudo quando o recente resultado do
referendo britânico trouxe demasiada incerteza ao futuro.
Havia por isso
uma grande expectativa à volta das eleições que ontem se realizaram em Espanha,
mas de facto elas não trouxeram nada de novo, isto é, o impasse que se
verificara nas eleições de 20 de Dezembro de 2015, repetiu-se nas eleições de
26 de Junho de 2016. É certo que Mariano Rajoy e o Partido Popular saíram
reforçados e que os partidos da esquerda perderam algum terreno como diz o El
Pais, mas o facto é que é precisa muita imaginação para pensar que
depois de muitos meses de negociações infrutíferas, os mesmos protagonistas
façam agora alianças que permitam juntar os 175 deputados necessários para
formar uma maioria de governo. É uma matemática muito complexa. Mariano Rajoy, Pedro
Sanchez, Pablo Iglésias e Albert Rivera já devem estar fartos de si mesmos e dos
outros, bem como das propostas e das acusações de cada um. O rei Filipe V
também já deve estar cansado de tentar resolver este imbróglio e agora, que vê
as férias estragadas, também deve estar num beco sem saída. Assim, será o galego Mariano Rajoy
que continuará a governar, mas sem a força e a legitimidade que agora eram
necessáriam para falar alto em Bruxelas.
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