O ambiente de
euforia e de entusiasmo que tem sido criado de uma forma algo desproporcionada à
volta do Europeu de Futebol que se está a realizar em França, teve ontem à
noite um momento de grande espectáculo já depois das 22 horas. Jogava-se o jogo
Portugal-Croácia dos oitavos de final. Era uma partida muito equilibrada, onde
o receio pelo valor do adversário parecia ser a táctica de cada uma das
equipas. Jogaram-se 90 minutos sem arte e sem golos. Houve necessidade de fazer
um prolongamento de 30 minutos para tentar resolver a questão. Ao minuto 117º,
quando já se esperava por uma decisão através dos pontapés de grande
penalidade, numa jogada simples mas muito eficaz, a equipa portuguesa meteu um
golo por intermédio de Ricardo Quaresma. Foi o delírio!
Em tempos de
notícias desagradáveis como são a decisão britânica de abandonar a União
Europeia ou a situação melindrosa da CGD, esta vitória futebolística serve para
animar o povo que sofre e labuta e que, ainda por cima, vai pagar todas as
poucas vergonhas feitas na CGD, tal como tem vindo a pagar tudo o que se
evaporou no BPN, no BES e no Banif, enquanto os responsáveis continuam sem ser
chamados a prestar contas pelas suas incompetências, leviandades e abusos. É natural,
portanto, que toda a imprensa portuguesa celebre hoje a vitória sobre a Croácia
e o golo de Quaresma. E, nestas coisas, também não há que iludir a minha
própria realidade, isto é, uma coisa é a crítica aos excessos dos jornalistas e
dos comentadores geralmente medíocres, outra coisa é a minha participação nesta alegria
que o futebol ainda proporciona aos portugueses.
Entretanto, no mesmo dia, um português chamado Fernando Pimenta tornou-se campeão europeu de canoagem. Ninguém falou nisso...
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