quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O conflito da Catalunha está a renascer

O problema da Catalunha que há um ano atingiu um elevado patamar de conflitualidade e teve como principais protagonistas Mariano Rajoy e Carles Puigdemont, para além do Tribunal Constitucional de Espanha, parecia ter acalmado com a subida ao poder central de Pedro Sanchéz e a presidência de Quim Torra no governo autónomo da Catalunha.
O diálogo que estivera fechado foi reaberto e, durante alguns meses, todos assistimos a uma lenta retoma da confiança dos cidadãos na evolução do processo catalão, ao verem as fotografias dos encontros muito cordiais entre Sanchéz e Torra.
Porém, nos últimos dias começaram a ver-se sinais de que algo estava a mudar, sobretudo porque o exilado Puigdemont voltou a falar, depois de muitos meses de silêncio. A sua voz influencia demasiado o seu pupilo e, ontem, Quim Torra discursou. Como refere o jornal conservador ABC, foi “mais do mesmo”, isto é, foi retomada a “retórica golpista” e convocada uma marcha pelos direitos civis dos catalães, reivindicada a autodeterminação da Catalunha e exigida a libertação dos presos políticos que atentaram contra a unidade da Espanha.  O discurso radical de Torra em defesa do republicanismo e da libertação dos políticos é uma ameaça ao diálogo e é mais um braço de ferro do independentismo catalão, que não cede aos seus direitos históricos e à ambição de se tornar num Estado, mas que continua sem a solidariedade da Europa que, já bastante dividida e com grandes problemas, teme por uma eventual balcanização da Espanha. Por isso, a solução do problema catalão terá que ser encontrada no diálogo e nunca nas manifestações convocadas por Quim Torra, que nunca se sabe como podem acabar.

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