O Brexit de
Theresa May e os coletes amarelos de Emmanuel Macron têm provocado muita
instabilidade no Reino Unido e na França, embora de contornos diferentes.
Ontem, quer Theresa May quer Emmanuel Macron, vieram assumir o revés das suas
políticas e declarar-se derrotados, mas a derrota do Reino Unido e da França
não são nada boas para a Europa...
May surpreendeu ao decidir
suspender a discussão e votação do acordo sobre o Brexit celebrado com a União
Europeia que deveria realizar-se hoje e esse adiamento significa que o governo
britânico percebeu que ia ser derrotado, lançando mais incertezas e mais
dúvidas quanto ao futuro. Assim, ao empurrar a discussão do problema para mais
tarde, a sua derrota vai aprofundar-se e tudo se conjuga para que haja eleições
antecipadas e que o Brexit venha a cair no caixote do lixo, embora todo o
cenário político britânico seja cada vez mais imprevisível e incerto.
Quanto a Macron,
que ontem falou aos franceses numa declaração que muito o enfraqueceu, tratou
de lhes pedir desculpa, de prometer várias coisas e de satisfazer várias reivindicações dos coletes
amarelos, sobretudo a redução dos impostos e o aumento do salário mínimo, numa
tentativa de travar a sua cólera. Dizem os analistas que falou tarde demais e
que a revolta popular, agora contra a desigualdade e a injustiça, não vai parar, o que é bem preocupante. Há mesmo quem lhe chame a Revolução Francesa de 2018.
Na sua edição de
hoje, o americano The Wall Street Journal associa as duas situações porque, tanto
num caso como no outro, o poder político está a ser fortemente contestado e
vê-se obrigado a ceder à voz da opinião pública ou ao poder da rua. Embora
sujeitos a ventos diferentes, o Reino Unido e a França tremem e, se esses
países tremem, a Europa corre sérios riscos de também tremer porque, para o bem
ou para o mal, a globalização já não deixa ninguém isolado. Lá longe e no meio
de tanta incerteza na velha Europa, o Donald parece satisfeito.
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