O jornal
Público lembra-nos hoje que o Memorando de Entendimento com a
troika foi assinado há um ano. Porém, sobre os resultados alcançados até agora, vamos ouvindo de tudo – do melhor e do pior. A análise dos indicadores é pouco conclusiva, mas as oscilações do discurso político, a teimosia governativa, a lógica do bom aluno e a arrogância tecnocrática, são deveras preocupantes. Hoje, é evidente que eles não conheciam a situação, nem tinham soluções como tantas vezes afirmaram. O que mostraram em desmedida ambição, faltou-lhes em competência e bom senso. Instalaram-se e não cuidaram de dar bons exemplos que fossem mobilizadores para a sociedade. Pelo contrário. A necessária austeridade revelou-se demasiado severa para os mais débeis. Os sacrifícios estão muito injustamente distribuidos. O desemprego disparou e a pobreza é cada dia mais evidente aos nossos olhos nas nossas ruas. A emigração voltou a ser uma saída para os portugueses. Há um ar de decadência social e um ambiente muito tenso na sociedade, agravado pelos ventos que vêm da Grécia e da Espanha. O equilíbrio social é muito instável e o equilíbrio político está ameaçado. A confiança e a esperança estão a perder-se. Eles fecham-se porque se saem à rua são vaiados.
Neste quadro ocorre-me transcrever a estrofe 97 do Canto IV d’Os Lusíadas e, por alguns instantes, fazer de "velho do Restelo":
A que novos desastres determinas/
De levar estes reinos e esta gente?/
Que perigos, que mortes lhe destinas/
Debaixo dalgum nome preminente?/
Que promessas de reinos, e de minas/
D'ouro, que lhe farás tão facilmente?/
Que famas lhe prometerás? que histórias?/
Que triunfos, que palmas, que vitórias?
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