quarta-feira, 15 de julho de 2020

Macau: o património português à deriva


O Centro Histórico de Macau foi classificado pela Unesco e entrou na lista do Património Mundial da Humanidade em 2005, mas quinze anos depois, o legado português deixado naquele território ao longo de quase cinco séculos, numa fusão entre as arquitecturas e as tradições culturais chinesas e portuguesas, parece estar em perigo. Na sua edição de hoje, o jornal Macau hoje titula que o património está à deriva e ilustra essa manchete com a fotografia do Farol da Guia, que é o mais antigo farol das costas chinesas.
A classificação da Unesco representou um ponto alto na afirmação da permanência cultural portuguesa em Macau ao integrar vários sítios e construções históricas como o edifício e o largo do Leal Senado, a Santa Casa da Misericórdia, as igrejas da Sé, de São Lourenço, de Santo António, de Santo Agostinho, de São Domingos, as Ruínas de São Paulo e o Largo da Companhia de Jesus, além do Farol da Guia. O Grupo para a Salvaguarda do Farol da Guia tem criticado a gestão do património histórico em Macau, sobretudo o simbólico farol, denunciando que já quase se não vislumbra por estar entalado entre prédios altos que descaracterizam aquela colina. Porém, a mesma crítica é feita em relação a outros edifícios classificados, cada vez mais desenquadrados da nova paisagem urbana macaense. Significa, portanto, que a construção urbana tem mais força que a protecção do património, apesar da pressão que tem sido feita sobre as autoridades da Região Administrativa Especial de Macau para que tome medidas decisivas para reduzir a altura dos edifícios em construção e dos edifícios que vierem a ser construídos. Porém, será uma luta bem difícil, provavelmente inglória.

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