As enormes
expectativas criadas há uma semana com a assinatura dos acordos de Cartagena e
com o fim da guerra civil, tremeram ontem na Colômbia com o anúncio dos
resultados do referendo promovido pelo Presidente Juan Manuel Santos: 49,8% dos
colombianos disseram sim aos acordos de Cartagena, mas 50,2% recusaram-no. Em
termos mais simples, o povo colombiano rejeitou o acordo de paz com as FARC.
Tal como
aconteceu recentemente no Reino Unido, os referendos têm por vezes resultados
inesperados e que tudo complicam...
A interpretação
destes resultados mostra que os colombianos querem a paz, mas estão divididos e
não a aceitam a qualquer preço. Assim, uma boa parte da população parece não
querer esquecer e perdoar as práticas de terror desenvolvidas pelos
guerrilheiros durante tantos anos e não aceita os termos negociados para a sua
integração na sociedade colombiana.
Sabia-se das
dificuldades que os guerrilheiros teriam na sua transição da selva para a
cidade, mas não se imaginava que houvesse um tão forte sentimento de rejeição
aos guerrilheiros, o que significa que as feridas da guerra são ainda muito
profundas.
Hoje o jornal El
Heraldo publica uma declaração de Juan Manuel Santos: “no me rendiré,
seguié buscando la paz hasta el último minuto de mi mandato”. De facto, a
tarefa que o Presidente da República da Colômbia tem pela frente é complexa e difícil mas, apesar da ameaça que é o
resultado do referendo, os colombianos vão certamente ultrapassar esta
dificuldade.
Uma coisa é o racional, outra, o emocional. Numa sociedade daquelas, com um terror de 5 décadas, venha o diabo e escolha.
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