A guerra na
Ucrânia dura há nove meses e, portanto, há nove meses que aqui defendemos que é
necessário um cessar-fogo que conduza à paz. O sofrimento do povo ucraniano é
agora mais visível, não só na enorme destruição do seu património urbano, nos
seus milhões de refugiados e na sua economia que está paralisada, mas também no frio e na escuridão que se abateu sobre as suas cidades.
O cidadão comum
já tem dúvidas sobre quem quer e quem não quer a paz, porque a generalidade dos
actores deste conflito, incluindo a generalidade dos especialistas e dos comentadores, parece apenas apostar em mísseis e mais mísseis. Nesse contexto, a
edição especial da prestigiada revista francesa L’Express que ontem
começou a circular sob o título Les
Etats-Unis, grands gagnants de la
guerre en Ukraine, aparenta ser um documento importante para compreender a
situação.
Segundo a referida revista, o apoio americano à Ucrânia tornou os
Estados Unidos o vencedor desta guerra, apesar de nem um só soldado americano ter
pisado o solo ucraniano, escrevendo ainda que “os Estados Unidos nunca perdem a
oportunidade de uma guerra para promover os seus interesses económicos” e
acrescentando que é a hora da Europa “s'en aperçoive, et réagisse”, isto é, perceber
e reagir. No armamento, no gás, nos cereais, na Nato… os americanos são os
grandes ganhadores na guerra da Ucrânia, mas há outros vencedores, como a Argélia,
a Turquia, a Coreia do Sul e o Canadá que “esfregam as mãos” pelos lucros
inesperados que a guerra lhes trouxe com os hidrocarbonetos, o trigo ou a
mediação. A revista ainda revela como os príncipes do Golfo se tornaram os novos
reis do mundo e aborda a indústria francesa do armamento que desejaria ter uma
intervenção mais activa.
Teremos de
procurar a revista para a ler e para saber mais sobre quem ganha com a guerra, porque já sabemos que quem perde é o povo ucraniano e que, por tabela, também perdem os europeus que tendem a tornar-se cada vez mais irrelevantes.
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