sábado, 29 de outubro de 2016

Um abraço português para o povo de Cuba

No dia 26 de Outubro a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou uma Resolução que pede o fim do embargo económico a Cuba, com 191 votos a favor, nenhum voto contra e duas abstenções (Estados Unidos e Israel). Foi um grande acontecimento político para Cuba e para o mundo, pois foi a 25ª vez consecutiva que foi analisada uma Resolução com igual conteúdo, o que significa que a questão do fim do embargo a Cuba já era assunto velho e que a teimosia americana anti-castrista já não se justificava.
Curiosamente ou não, no mesmo dia chegava a Cuba o Presidente da República Portuguesa para uma visita oficial e, embora com destaques bem diferentes, esses dois acontecimentos são destacados pelo Granma, o “órgano oficial del Comité Central del Partido Comunista de Cuba”.
Granma é o nome do pequeno iate que em 1956 transportou Fidel de Castro e os seus companheiros desde o México até às praias do sopé da Sierra Maestra, de onde foi iniciada a caminhada revolucionária até Havana, que veio a ser ocupada no dia 2 de Janeiro de 1959 pelas forças de Che Guevara e de Camilo Cienfuegos. É, por isso, um nome cheio de simbolismo para a revolução cubana, que durante muitos anos desafiou a América Latina e, em certa medida, os próprios Estados Unidos. Porém, as mudanças acontecidas no mundo também influenciaram o regime cubano e, aos poucos, o país caminha para a Democracia.
Com esta visita a Cuba o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa voltou a mostrar a sua sensibilidade cultural e o sua compreensão do processo histórico cubano, em absoluto contraste com o seu antecessor. Esteve em Cuba sem receio de apanhar caspa ou contrair qualquer constipação, esteve com Fidel de Castro mais de uma hora, teve conversações com Raúl de Castro, proferiu uma conferência na Universidade de Havana, recebeu a comunidade lusófona na Embaixada de Portugal, inaugurou exposições e participou em fóruns empresariais. Levou Cultura e Economia na bagagem, mas também levou consigo a Política de apaziguamento, o não seguidismo em relação aos interesses americanos e, quem sabe, se não levou também algum sentimento emocional por se encontrar face a face com alguns dos símbolos das lutas que tanto entusiasmaram a sua geração por todo o mundo e que se traduziram na utopia guevarista. Mais uma chapelada a Marcelo Rebelo de Sousa!

Sem comentários:

Enviar um comentário