Cavaco Silva em caricatura, por Bruno Sousa |
Aníbal Cavaco
Silva é um cidadão português natural de Boliqueime, que foi ministro das
Finanças (1980-1981), primeiro-ministro (1985-1995) e Presidente da República
(2006-2016). Talvez só Salazar e o Marquês de Pombal tenham tido uma tão longa
actividade governativa em Portugal e esse facto confere-lhe um estatuto
singular que os portugueses, quer tenham ou não sido seus apoiantes, devem
respeitar.
Acontece que
Aníbal Cavaco Silva foi convidado pela Câmara Municipal de Lisboa para intervir
numa conferência que assinalou os trinta anos do Programa Especial de
Realojamento (PER), que tinha sido lançado em 1993, quando era
primeiro-ministro. Não sei se o convite fazia sentido, mas o Aníbal aceitou-o.
Vingativo como sempre foi, aproveitou a oportunidade para se vingar de António
Costa que, em Novembro de 2015, lhe fez engolir um enorme sapo, quando não
ganhou as eleições e o Aníbal se viu obrigado a nomeá-lo primeiro-ministro. O
Aníbal andou sete anos com este sapo atravessado e agora, com enorme
arrogância, desancou em António Costa e no seu governo, como se fosse líder de
um qualquer partido da oposição. Como referiu o jornal Público, no novo pacote de habitação o Aníbal só deu nota positiva
ao fim dos controversos vistos gold
e, quanto ao resto, “não deixou pedra sobre pedra”.
O Aníbal não esteve à altura
das suas responsabilidades, comportou-se como um político rancoroso e mostrou a
sua enorme vulgaridade. Ofendeu o seu estatuto de ex-presidente e, neste jogo
de xadrez, fez o papel de um simples peão. Então o homem não veio dizer que a
crise habitacional que se vive no país "é o resultado do falhanço da
política do governo no domínio da habitação nos últimos sete anos, com custos
sociais elevados para muitos milhares de famílias"? Que governante ou que
académico pode fazer uma afirmação destas? Onde está a sua seriedade
intelectual?
O Partido
Socialista que governa com maioria absoluta reagiu e disse que “seria
expectável por parte de um antigo chefe de Estado um espírito mais construtivo
e menos destrutivo”. E tem toda a razão.
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