Anteontem foi um
grande dia para a Royal Navy e para a indústria da construção naval britânica
pois foi lançado à água nos estaleiros escoceses de Rosyth o maior navio de
guerra jamais construído no Reino Unido: o HMS
Queen Elizabeth. A Rainha baptizou o novo porta-aviões numa cerimónia cheia
de simbolismo, pois em vez do tradicional lançamento de uma garrafa de
champanhe contra o costado do novo navio, foi utilizada uma garrafa de whisky
em homenagem aos trabalhadores do estaleiro. O navio será a peça principal da
capacidade militar britânica do século XXI, juntamente com o HMS Prince of Wales que também está em
construção. Com 65.000 toneladas de deslocamento, aqueles navios poderão actuar
em todo o mundo, não só em acções militares, mas também em operações de
carácter humanitário.
Ontem, o diário The
Scotsman não “esqueceu” que a Escócia está apenas a 11 semanas do seu
referendo sobre a independência e lembrou que o navio foi "made in Scotland", embora dedicasse toda a sua primeira
página ao evento e salientando que era um dia de orgulho para a Royal Navy e para as mais
de 10 mil pessoas que têm trabalhado na contrução dos navios, até porque foi um
desafio de uma complexidade sem precedentes. Não faltou
ninguém a este grande evento: a Rainha e o Príncipe Filipe, o Primeiro Ministro
David Cameron, o líder da oposição, muitos deputados e o Primeiro Ministro da
Escócia Alex Salmond, que se fez acompanhar pelo pai Robert, que tem 92 anos de
idade e que, como sargento, fez parte da guarnição de dois porta-aviões
ingleses durante a guerra.
O curioso de tudo
isto é a atenção que a Grã-Bretanha dá à sua Defesa e à sua Marinha, bem como a
sua vontade de manter um poder naval forte e de “governar os mares”. Aqui,
enquanto se gastaram (e continuam a gastar) milhares de milhões de euros em
bancos, PPP, swaps e outras fantasias
financeiras, ainda há quem critique a aquisição de dois submarinos, ao mesmo
tempo que assistimos a uma desastrada actuação de um ministro da Defesa que,
objectivamente, visa o desprestígio das Forças Armadas e ainda não percebeu a
importância interna e internacional que elas têm para o nosso país. Assim, com estas vistas tão curtas e tão servis, é muito difícil
sermos respeitados internacionalmente.
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