quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Um ano de guerra na Ucrânia (III)

Desde há muito tempo que o conflito ucraniano já era uma “sfida diretta”, ou um desafio directo entre a Rússia e os Estados Unidos, como hoje destaca o jornal milanês Corrierre della Sera, mas os discursos ontem pronunciados por Vladimir Putin e por Joe Biden apenas vieram confirmar essa realidade, o que mostra como Zelensky, Rishi Sunak, Macron e Scholtz são figuras importantes mas secundárias, ou que a Europa não foi capaz de resolver o problema ucraniano. Nessa perspectiva, tanto Ursula von der Leyen, como Jens Stoltenberg e Josep Borrell pouco valem, enquanto essa fulgurante figura da diplomacia mundial que é João Gomes Cravinho, se vem esforçando por aparecer, embora só diga banalidades e asneiras. Ontem também se destacaram as declarações de Wang Wenbin, o porta-voz do ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, que pediu aos Estados Unidos “para não alimentarem o conflito ucraniano” e acusou-os de estarem “a lucrar imensamente com a guerra”, ao mesmo tempo que lhes recordava a retirada do Afeganistão. Hoje, Putin e Xi Jinping reúnem-se em videoconferência e entre os temas em discussão vai estar “a retórica extremamente agressiva da NATO e dos Estados Unidos”.
Estamos, portanto, num patamar de conflito em acelerado agravamento e cada vez mais perigoso. Desde há muito tempo que algumas vozes diziam que a paz na Ucrânia devia ser negociada entre Moscovo e Washington, mas as declarações ontem proferidas em Moscovo e Varsóvia, tal como o que ontem também foi dito em Pequim, vieram lançar enormes preocupações quanto ao futuro e confirmar que terão que ser Putin e Biden a resolver o problema e acabar com o sofrimento do povo ucraniano e com esta ameaça que paira sobre a Europa e o mundo. Eles conhecem-se há muitos anos e, no seu último encontro presencial que aconteceu em Genebra em Junho de 2021, não ficaram amigos, mas elogiaram-se mutuamente e foram classificados como bons negociadores.

Sem comentários:

Enviar um comentário