Desde há muito
tempo que o conflito ucraniano já era uma “sfida diretta”, ou um desafio
directo entre a Rússia e os Estados Unidos, como hoje destaca o jornal milanês Corrierre
della Sera, mas os discursos ontem pronunciados por Vladimir Putin e
por Joe Biden apenas vieram confirmar essa realidade, o que mostra como
Zelensky, Rishi Sunak, Macron e Scholtz são figuras importantes mas secundárias,
ou que a Europa não foi capaz de resolver o problema ucraniano. Nessa
perspectiva, tanto Ursula von der Leyen, como Jens Stoltenberg e Josep Borrell pouco
valem, enquanto essa fulgurante figura da diplomacia mundial que é João Gomes
Cravinho, se vem esforçando por aparecer, embora só diga banalidades e asneiras.
Ontem também se destacaram as declarações de Wang Wenbin, o porta-voz do ministro
chinês dos Negócios Estrangeiros, que pediu aos Estados Unidos “para não
alimentarem o conflito ucraniano” e acusou-os de estarem “a lucrar imensamente
com a guerra”, ao mesmo tempo que lhes recordava a retirada do Afeganistão. Hoje,
Putin e Xi Jinping reúnem-se em videoconferência e entre os temas em discussão
vai estar “a retórica extremamente agressiva da NATO e dos Estados Unidos”.
Estamos,
portanto, num patamar de conflito em acelerado agravamento e cada vez mais
perigoso. Desde há muito tempo que algumas vozes diziam que a paz na Ucrânia devia
ser negociada entre Moscovo e Washington, mas as declarações ontem proferidas
em Moscovo e Varsóvia, tal como o que ontem também foi dito em Pequim, vieram
lançar enormes preocupações quanto ao futuro e confirmar que terão que ser
Putin e Biden a resolver o problema e acabar com o sofrimento do povo ucraniano
e com esta ameaça que paira sobre a Europa e o mundo. Eles conhecem-se há
muitos anos e, no seu último encontro presencial que aconteceu em Genebra em
Junho de 2021, não ficaram amigos, mas elogiaram-se mutuamente e foram
classificados como bons negociadores.
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