O jornal L’Osservatore
Romano, que é a voz do Vaticano e do Papa, destaca na sua última edição
a fotografia de um tanque e a frase “la guerra ci fa vergognare tutti”, isto é,
a guerra que nos envergonha a todos. É verdade, esta guerra envergonha-nos a todos.
Os falcões ocidentais com um tal Stoltenberg à cabeça, bem como aqueles que não
os denunciam, parecem estar ávidos de uma guerra que significa tragédia e
morte, destruição de património e lucro para as indústrias do armamento. As
suas centrais de propaganda e os seus agentes querem ressuscitar a guerra fria
e todos os dias anunciam a concentração de mais soldados russos nas fronteiras
e a iminência de uma invasão do território ucraniano, apontando mesmo o seu modus faciendi. Há poucos meses
assistimos à forma como esse exemplo de democrata que é Donald Trump insultou a unidade europeia e, agora, são
exactamente os mesmos americanos que nos falam da unidade do Ocidente para
fazer frente às tropas do ditador Vladimir Putin, como se os interesses americanos e europeus,
ou das várias europas, fossem convergentes.
Aqui em Portugal é inquietante
assistir ao desfilar televisivo de inúmeros pseudo-especialistas em geopolítica
e em estratégia militar que, desonestamente, têm feito passar na opinião
pública a ideia de que os russos são maus e que os americanos são bons, mas
também que a Europa tem que alinhar ao lado do aventureirismo americano, tal
como já fez no Iraque, na Síria e no Afeganistão, numa cruzada sem sentido e
sem glória.
A compreensão do
que se passa obriga-nos a conhecer a História e a ver com atenção o mapa da
Europa. O Velho Continente não pode ser condenado a ser um mero peão americano
neste complexo xadrez e compete-lhe ser a voz da diplomacia, da moderação e do
apaziguamento, neste conflito de rivalidades e de interesses estratégicos que
se vem desenvolvendo na Ucrânia e que nos envergonha a todos.
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