sábado, 19 de fevereiro de 2022

Ucrania: la guerra ci fa vergognare tutti

O jornal L’Osservatore Romano, que é a voz do Vaticano e do Papa, destaca na sua última edição a fotografia de um tanque e a frase “la guerra ci fa vergognare tutti”, isto é, a guerra que nos envergonha a todos. É verdade, esta guerra envergonha-nos a todos. Os falcões ocidentais com um tal Stoltenberg à cabeça, bem como aqueles que não os denunciam, parecem estar ávidos de uma guerra que significa tragédia e morte, destruição de património e lucro para as indústrias do armamento. As suas centrais de propaganda e os seus agentes querem ressuscitar a guerra fria e todos os dias anunciam a concentração de mais soldados russos nas fronteiras e a iminência de uma invasão do território ucraniano, apontando mesmo o seu modus faciendi. Há poucos meses assistimos à forma como esse exemplo de democrata que é Donald Trump insultou a unidade europeia e, agora, são exactamente os mesmos americanos que nos falam da unidade do Ocidente para fazer frente às tropas do ditador Vladimir Putin, como se os interesses americanos e europeus, ou das várias europas, fossem convergentes.
Aqui em Portugal é inquietante assistir ao desfilar televisivo de inúmeros pseudo-especialistas em geopolítica e em estratégia militar que, desonestamente, têm feito passar na opinião pública a ideia de que os russos são maus e que os americanos são bons, mas também que a Europa tem que alinhar ao lado do aventureirismo americano, tal como já fez no Iraque, na Síria e no Afeganistão, numa cruzada sem sentido e sem glória.
A compreensão do que se passa obriga-nos a conhecer a História e a ver com atenção o mapa da Europa. O Velho Continente não pode ser condenado a ser um mero peão americano neste complexo xadrez e compete-lhe ser a voz da diplomacia, da moderação e do apaziguamento, neste conflito de rivalidades e de interesses estratégicos que se vem desenvolvendo na Ucrânia e que nos envergonha a todos.

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