Amanhã realiza-se
a 2ª volta das eleições presidenciais brasileiras e o mais provável, segundo as
sondagens que são conhecidas, é que o candidato Jair Bolsonaro seja o vencedor
e o candidato Fernando Haddad seja derrotado. Porém, qualquer que seja o
vencedor, o facto é que o Brasil está muito dividido e cada vez mais agitado,
pelo que vai entrar num período de grande instabilidade política e social. As
posições estão extremadas entre os que querem o fim da corrupção e da violência
e se agarram a Bolsonaro, e os que temem o regresso da ditadura e da repressão
e que se juntam a Haddad. O que vai
acontecer é que o futuro Presidente não vai ter uma base social de apoio
suficientemente alargada para fazer o que tem que ser feito contra a corrupção
e contra a violência que, só no último ano, deu origem a mais de 60 mil mortos,
o que é uma vergonha para o Brasil e para toda a Humanidade. O combate aos
males que afectam a sociedade brasileira precisa de um consenso alargado que
não existiu antes e que agora se tornou mais difícil. O fosso entre o Brasil de
Bolsonaro e o Brasil de Haddad aprofundou-se. E há, ainda, os problemas da
geografia, isto é, os problemas e as tensões naturais num país de uma enorme
dimensão, de grandes assimetrias sociais e regionais.
Hoje, a edição do
semanário Expresso dedica grandes espaços às eleições brasileiras e
publica uma ilustração da estátua do Cristo Redentor no morro do Corcovado, em
que os braços abertos da paz estão substituidos pelo cano das armas. É
certamente uma liberdade ilustrativa, porque ninguém pode pensar que a
rivalidade e a agressividade políticas que hoje se vivem no Brasil se possam transformar
noutra coisa qualquer. O que tem que valer é o título do jornal: ódio não!
Já que falas no "Expresso" de hoje, aconselho a ler nele o magnífico artigo do Miguel de Sousa Tavares.
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