A imprensa
francesa é hoje unânime a noticiar a chegada a Marselha da chama olímpica, que
saíra da Grécia no dia 16 de abril, publicando a fotografia da chegada do
navio-escola Belem, escoltado por
centenas de embarcações. A partir de agora, a chama olímpica vai percorrer todo
o território francês e mais de cinco centenas de localidades, numa viagem que
terminará em Paris na noite de 26 de julho, quando se realizará a cerimónia de
abertura oficial dos XXXIII Jogos Olímpicos.
Segundo o jornal Le
Figaro, estiveram em Marselha a esperar o navio-escola Belem e a chama olímpica entre 150 e 230
mil pessoas, o que mostra como “à boleia dos Jogos Olímpicos”, se está a
trabalhar num projecto promocional da França sob a liderança do pequeno
napoleão, que Emmanuel Macron parece querer ser.
Os Jogos
Olímpicos são a maior manifestação desportiva mundial, mas cada vez mais se
afastam dos ideais olímpicos, enunciados através do lema Citius, Altius, Fortis, que significa “o mais rápido, o mais alto,
o mais forte”. Se antigamente se considerava que o importante era competir e
não vencer, nas suas últimas edições os Jogos Olímpicos tornaram-se um
tabuleiro onde se procura “vencer” a qualquer preço, porque isso se traduz numa
operação de prestígio interno e internacional. Por isso, os jogos de Paris 2024
vão ser uma monumental operação de marketing dos franceses para si próprios e
para o mundo. O presidente Emmanuel Macron e o chauvinismo francês vão,
provavelmente, estar insuportáveis na reversão a seu favor de tudo o que os
Jogos Olímpicos lhes poderão dar em prestígio, em auto-estima e em vaidade,
esperando que todo o mundo ouça muitas vezes a Marselhesa:
Allons, enfants de
la Patrie / Le jour de gloire est arrivé
Contre nous, de la
tyrannie/L'étendard sanglant est levé.
Procuremos, portanto, acompanhar a festa desportiva que vai ser o Paris 2024, mas tenhamos paciência com os exageros de egocentrismo a que vamos assistir.
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