Ontem à noite,
quando navegava pela internet para melhor me informar sobre o estado da nação, deparei-me
com um blogue muito interessante onde, sob o título “Estamos quase aliviados
dele”, nos era apresentado um contador automático que indicava o número de
dias, horas, minutos e segundos que faltavam para ficarmos “livres de Cavaco”.
Achei essa informação muito interessante e oportuna. Aníbal Cavaco
Silva, um economista natural de Boliqueime, venceu as eleições presidenciais
que se realizaram no dia 23 de Janeiro de 2011. Estavam inscritos 9 milhões e
meio de eleitores, mas houve 53,56% que se abstiveram. O candidato vencedor
obteve 53,1% dos votos expressos, embora os 2 209 227 votos que
recebeu tenham correspondido apenas a 23% dos eleitores inscritos. Para uma
reeleição, foi uma vitória pouco expressiva. Pouco tempo depois realizaram-se
eleições legislativas e, pela primeira vez na nossa história democrática,
concretizou-se o sonho de Sá Carneiro: uma Maioria, um Governo, um Presidente. O
resultado foi o unanimismo e isso foi muito mau.
Era um tempo
difícil, com o país humilhado perante a troika
e sujeito a um duro programa de assistência económica e financeira, com um
governo a ir mais longe do que a própria troika.
Os portugueses pagaram um preço bem elevado. Aumentaram-lhes os impostos.
Cortaram-lhes os salários e as pensões. Mudaram-lhes as leis laborais para
facilitar os despedimentos. Dificultaram-lhes o acesso à saúde, à educação e à
justiça. A mentira e a manipulação estatística tornaram-se prática corrente de
uma governação baseada na propaganda e na mentira. Desemprego. Emigração.
Falências. Despejos. Pobreza. O desespero tomou conta de muitos portugueses.
Nesse quadro, era
necessário que em Belém estivesse um provedor dos cidadãos ou um árbitro das
disputas político-partidárias, mas isso não aconteceu. Aquele que um dia se
intitulou “o homem do leme”, acomodou-se às suas vaidades e mordomias, tornando-se um
delegado subalterno do governo. Viajou pelo mundo com alargadas comitivas como
se o país fosse rico e rodeou-se de pelotões de assessores. Seguiu à risca a fórmula “uma Maioria, um Governo, um Presidente“,
não teve vontade própria e adaptou-se a uma agenda ideológica imposta pelas
circunstâncias. Esqueceu-se que devia ser “o presidente de todos os
portugueses” e não ser apenas o presidente de uma maioria política e não sociológica. O seu compromisso para
defender a soberania e a independência nacional foi ultrapassado por um
seguidismo por vezes bajulador e contabilístico. Nunca a
popularidade presidencial foi tão baixa.
Eu nunca esqueci aquela pobreza
cultural de não saber quantos cantos têm Os
Lusíadas, nem o vazio cultural dos seus improvisos perante as câmaras da
televisão. As suas declarações públicas são muitas vezes despropositadas e
algumas vezes são mesmo lamentáveis, como nos casos do BES, da crise grega ou
da privatização da TAP. Este homem foi o nosso “azar dos Távoras”, como disse
Carlos do Carmo. Alguém sugeriu recentemente que “ajudemos Cavaco a acabar o seu mandato com
dignidade”. Não sei se ainda é possível. O seu mandato termina no dia 23 de
Janeiro de 2016. Faltam pouco menos de 180 dias. Então, ficaremos aliviados
desta pesadelo. Já não regressará a Boliqueime. Os seus amigos esperam-no na
Aldeia da Coelha.
Tivemos azar! Quando, no meio desta crise, precisávamos de bons e competentes dirigentes apanhamos com um PM mentiroso e mal preparado e um PR inábil e pouco eficiente ... esperemos melhores tempos!!!
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