quarta-feira, 29 de julho de 2015

A cidade de Ceuta e a memória lusitana

A edição de ontem de El Pueblo de Ceuta está ilustrada com uma fotografia de um político local em que se destaca o brasão português do século XV, que faz parte integrante da bandeira da cidade autónoma de Ceuta.
Essa imagem é um bom pretexto para aqui evocarmos o dia 28 de Julho de 1415, data em que o rei D. João I anunciou o destino, até então era secreto, das mais de duzentas embarcações com cerca de 20 mil cavaleiros e soldados que tinham saido de Lisboa e que estavam fundeadas na baía de Lagos. Segundo a Crónica da Tomada de Ceuta de Gomes Eanes de Zurara, no dia anterior “foi a frota toda juntamente ancorar na baía de Lagos” e, nesse dia 28 de Julho, “saiu el-Rei em terra e teve logo ali seu conselho, no qual foi determinado que se divulgasse, claramente, toda a verdadeira informação daquele movimento, porém foi mandado ao Mestre Frei João Xira que pregasse, porque todo o povo pudesse verdadeiramente saber qual era a intenção, por que se el-Rei movera a fazer aquele ajuntamento”.
Menos de um mês depois, na manhã de 22 de Agosto de 1415, estava concretizada a tomada de Ceuta e foi então que “João Vaz de Almada foi pôr a bandeira da cidade de Lisboa sobre as torres do castelo”. Significa que, simbolicamente, a bandeira de Lisboa gironada de oito peças de negro e branco e o brasão de armas português do século XV, estão desde há quase 600 anos na Sempre Nobre, Leal e Fidelíssima Cidade de Ceuta.
Não deixa de ser uma curiosidade interessante da expansão portuguesa. Apenas isso, porque depois de 1640 os ceitis não reconheceram D. João IV e escolheram a soberania espanhola.

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