No já longínquo
dia 22 de Janeiro de 2006 realizaram-se eleições presidenciais em Portugal e o
vencedor com 50,54% dos votos foi o candidato Aníbal Cavaco Silva, natural de
Boliqueime, professor universitário e ex-primeiro-ministro. Mais tarde a
imprensa noticiou e o google conserva
essa informação, que a “Família Espírito Santo foi a principal financiadora da
campanha de Cavaco em 2006” e que “Ricardo Salgado deu a quantia máxima”.
Em 2011 o
presidente Cavaco Silva recandidatou-se e foi eleito com 52,95% dos votos,
quando o mundo estava assolado por uma grave crise financeira surgida da
chamada crise do subprime (2007) e da
falência do centenário banco novaiorquino Lehman Brothers (2008). O turbilhão
da crise chegara a Portugal e o BPN foi nacionalizado (2008) para evitar a sua
falência e outros males maiores no sistema financeiro português. A crise financeira
persistiu e o BES entrou em dificuldade que se revelou inultrapassável. O
presidente Cavaco Silva esteve atento, até pela sua condição de economista e antigo
director do Banco de Portugal. Então, durante uma viagem oficial à Coreia do
Sul, afirmou que “os portugueses podem confiar no BES”, ao mesmo tempo que
elogiava a actuação do Banco de Portugal. Cavaco quis ajudar os seus amigos do
BES, mas o desastre aconteceu. Os milhares de clientes do BES que confiaram na
sabedoria do Professor e na palavra do seu Presidente da República, ficaram
arruinados.
Agora, a reportagem
da última edição da revista Sábado revela que na campanha
presidencial de 2011 houve um esquema de financiamento ilegal em que altos
dirigentes do BES, supostamente a título pessoal, doaram cerca de 253 mil euros
à candidatura de Cavaco Silva, para iludir a lei de
financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais que,
expressamente, proíbe os donativos de empresas e outras entidades colectivas.
Só que esses dirigentes vieram a ser integralmente ressarcidos do
seu “donativo” pelo fundo que agora é conhecido como o “saco azul” do
BES, o que significa que terão incorrido no crime de financiamento
ilegal de campanhas eleitorais. Esta situação mostra como o BES sempre ajudou Cavaco Silva nas suas campanhas
eleitorais, designadamente através do seu famoso “saco azul”, pelo que o Ministério
Público, através do Departamento Central de
Investigação e Acção Penal (DCIAP), parece querer esclarecer este caso. Mas
porquê só agora? Contudo, vale mais tarde do que nunca.
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