domingo, 7 de julho de 2019

Até Cavaco beneficiou do saco azul do BES

No já longínquo dia 22 de Janeiro de 2006 realizaram-se eleições presidenciais em Portugal e o vencedor com 50,54% dos votos foi o candidato Aníbal Cavaco Silva, natural de Boliqueime, professor universitário e ex-primeiro-ministro. Mais tarde a imprensa noticiou e o google conserva essa informação, que a “Família Espírito Santo foi a principal financiadora da campanha de Cavaco em 2006” e que “Ricardo Salgado deu a quantia máxima”.
Em 2011 o presidente Cavaco Silva recandidatou-se e foi eleito com 52,95% dos votos, quando o mundo estava assolado por uma grave crise financeira surgida da chamada crise do subprime (2007) e da falência do centenário banco novaiorquino Lehman Brothers (2008). O turbilhão da crise chegara a Portugal e o BPN foi nacionalizado (2008) para evitar a sua falência e outros males maiores no sistema financeiro português. A crise financeira persistiu e o BES entrou em dificuldade que se revelou inultrapassável. O presidente Cavaco Silva esteve atento, até pela sua condição de economista e antigo director do Banco de Portugal. Então, durante uma viagem oficial à Coreia do Sul, afirmou que “os portugueses podem confiar no BES”, ao mesmo tempo que elogiava a actuação do Banco de Portugal. Cavaco quis ajudar os seus amigos do BES, mas o desastre aconteceu. Os milhares de clientes do BES que confiaram na sabedoria do Professor e na palavra do seu Presidente da República, ficaram arruinados.
Agora, a reportagem da última edição da revista Sábado revela que na campanha presidencial de 2011 houve um esquema de financiamento ilegal em que altos dirigentes do BES, supostamente a título pessoal, doaram cerca de 253 mil euros à candidatura de Cavaco Silva, para iludir a lei de financiamento dos partidos políticos e das campanhas eleitorais que, expressamente, proíbe os donativos de empresas e outras entidades colectivas. Só que esses dirigentes vieram a ser integralmente ressarcidos do seu “donativo” pelo fundo que agora é conhecido como o “saco azul” do BES, o que significa que terão incorrido no crime de financiamento ilegal de campanhas eleitorais. Esta situação mostra como o BES sempre ajudou Cavaco Silva nas suas campanhas eleitorais, designadamente através do seu famoso “saco azul”, pelo que o Ministério Público, através do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), parece querer esclarecer este caso. Mas porquê só agora? Contudo, vale mais tarde do que nunca.

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