Na sua edição de
hoje, o jornal The Washington Post inclui um extenso artigo em que historia o longo
processo político e diplomático que deu origem ao actual conflito militar na
Ucrânia, com o expressivo título “Road to war”. É um artigo extenso e muito bem
documentado, em que os principais protagonistas desta triste história – Putin,
Biden e Zelensky – têm direito a fotografia na primeira página do jornal.
Os argumentos de
ambas as partes são conhecidos e se nos lembrarmos que Putin e Biden falaram ao
telefone durante uma hora no dia 12 de Fevereiro, ficamos perplexos por não terem
chegado a acordo e terem cedido às suas ambições pela liderança mundial. Nessa altura
haveria cerca de cem mil soldados russos nas fronteiras ucranianas e foi com
essas forças que Putin mandou avançar as suas tropas mas, segundo refere o
jornal, os Estados Unidos, o Reino Unido e outros membros da NATO tinham
passado anos a treinar e a equipar os militares ucranianos, enquanto os Estados
Unidos tinham estabelecido uma linha de comunicação directa dos militares
ucranianos ao comando militar americano na Europa.
Significa que
todos, nomeadamente russos e americanos, se tinham preparado para a guerra e
que todos foram incapazes de a evitar, tendo desvalorizado as suas trágicas
consequências para o povo ucraniano, que é a principal vítima desta tragédia. São
passados quase seis meses sem que haja sinais de cessar-fogo, de negociações e
de paz, havendo pelo contrário alguns sinais que agravam a situação.
De facto, nos últimos
dias a iniciativa ucraniana desafiou a Rússia com ataques a objectivos
militares na Crimeia, um território que Putin considera “sagrado”. Primeiro foi
um ataque a uma base aérea russa que destruiu vários aviões e, mais
recentemente, foi um ataque a um depósito de munições realizado por uma unidade
militar de elite ucraniana a operar atrás das linhas inimigas. Foram duas vitórias
para Zelensky e para o seu patrono Biden, mas foram dois golpes dolorosos para
Putin e para o seu orgulho.
Amanhã Guterres
vai conversar com Zelensky, na companhia de Erdogan.
O mundo espera que a
conversa corra bem.
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