sexta-feira, 19 de agosto de 2022

O cessar-fogo na Ucrânia pode esperar…

O encontro de Lviv entre o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o secretário-geral das Nações Unidas António Guterres e e o presidente da Turquia Recep Tayyip Erdoğan foi um grande acontecimento político e um passo no sentido de ser encontrada uma solução política para o conflito que se arrasta há cerca de seis meses e que está a destruir a Ucrânia e a transtornar o mundo. O encontro é, em si mesmo, uma boa notícia, pois representa a vontade de encontrar a paz, com Erdoğan e Guterres a quererem replicar o acordo de exportação de cereais para um acordo mais geral que conduza a um cessar-fogo e a negociações, pois a via militar revela-se cada vez mais como uma não-solução. A lógica do desgaste ou da humilhação do adversário, bem como a vontade de derrotar o agressor ou o provocador, não fazem qualquer sentido perante a enorme tragédia a que assistimos diariamente e dos riscos do conflito se poder internacionalizar ainda mais do que já está, com armamentos e combatentes de tão diferentes origens.
É por isso que, com o apoio de Guterres, Erdoğan terá oferecido a sua mediação para um encontro entre os líderes russo e ucraniano e proposto um cessar-fogo na Ucrânia, mas Zelensky terá posto como primeira condição que os russos abandonem os territórios ocupados, o que significa que não será fácil sair deste imbroglio. Como hoje assinalava um jornal português, o presidente Volodymyr Zelensky desafinou ao ouvir os cânticos de paz de Erdoğan e de Guterres, até porque o seu nacionalismo e a sua determinação parecem ser estimulados ou dirigidos por Washington e Londres.
Há que reconhecer os esforços de Erdoğan e Guterres e esperar que não desistam, mas aqueles que querem a paz parece que ainda têm muito que esperar.

Sem comentários:

Enviar um comentário