Deixou-nos aos 75
anos de idade o homem que foi considerado “um monumental criador de canções” e
cuja obra maior foi o Por Este Rio Acima,
provavelmente o mais importante disco da música portuguesa. Num tempo de grande
criatividade musical em que se destacaram criadores famosos como José Afonso,
Sérgio Godinho e José Mário Branco, aquele notável disco de Fausto como criador e cantautor, parece ultrapassá-lo a si próprio, pois permanece vivo desde 1982.
Essa sua obra de referência explora o tema dos descobrimentos marítimos
portugueses, um tema simultaneamente grandioso e polémico, tendo procurado
inspiração na Peregrinação de Fernão
Mendes Pinto e nos seus enredos, como por exemplo o medo, o horror, a
escravidão, o sonho e a saudade, que exprime em canções como “O barco vai de
saída”, “Navegar, navegar” ou “A guerra é a guerra”, em que se serviu de uma
diversidade musical e instrumental invulgares, cujas raízes se encontram no
folclore português e na música africana.
Fausto nascera em
1948 a bordo do paquete Pátria em
pleno oceano Atlântico, quando o navio navegava de Lisboa para Luanda, tendo
vivido em Angola até 1968, ano em que rumou a Lisboa para iniciar os seus
estudos universitários. Consigo, trouxe o ritmo musical africano que passou a conjugar
com a tradição da música popular portuguesa, que se tornaram marcas distintivas
da sua obra.
Fausto Bordalo
Dias partiu, mas deixou-nos o Por Este Rio
Acima, para ouvirmos muitas mais vezes. Apesar de outros
grandes destaques do dia, a morte de Fausto foi noticiada em primeira página
pela imprensa portuguesa, designadamente pelo jornal Público, que dedicou três páginas ao "genial alquimista da música portuguesa".
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