Com 97 anos de
idade faleceu ontem o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro, um dos mais
importantes artistas plásticos do nosso tempo, a quem se atribui o mérito de
ter renovado a azulejaria portuguesa.
O Diário
de Notícias prestou-lhe uma justificada homenagem, ao noticiar o seu
falecimento na primeira página da sua edição ce hoje. A sua obra teve sempre o
reconhecimento da crítica e dispersa-se pela cerâmica, pintura, gravura,
tapeçaria e desenho, embora o seu talento artístico se tivesse distinguido sobretudo
na cerâmica, talvez a sua arte favorita, pois executou diversos painéis
cerâmicos em edifícios, igrejas, jardins e escolas, com destaque para a estação
de Champs Elysées-Clémenceau do Metropolitano de Paris (1995) e para a estação
do Colégio Militar/Luz do Metropolitano de Lisboa (1988), embora as estações do
Rato e da Cidade Universitária, em Lisboa, também tenham beneficiado das suas
intervenções, ao transpor para painéis cerâmicos algumas obras relevantes da
pintura de Arpad Szènes e de Maria Helena Vieira da Silva.
Desde 1957 que
Manuel Cargaleiro vivia em Paris mas nunca esqueceu as suas raízes lusitanas
que lhe serviam de inspiração, sobretudo na procura da harmonia das cores, tendo a sua obra sido apreciada pelos Presidentes da República Ramalho Eanes, Mário Soares e Marcelo Rebelo de Sousa que condecoraram este homem cujo legado artístico é relevante no quadro da cultura portuguesa.
Eu sou modesto um
admirador da sua obra, que se distingue no panorama da nossa arte contemporânea, que se expressou além-fronteiras, que vai perdurar e que continua a sensibilizar-me esteticamente.
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