Emmanuel Macron
foi em visita oficial aos Estados Unidos e a enorme zanga franco-americana que
resultara do cancelamento do contrato para o fornecimento de submarinos
franceses à Austrália, que os americanos reverteram a seu favor, parece ter
sido ultrapassada. A fotografia publicada pelo Financial Times, com os
dois líderes cheios de sorrisos, parece mostrar um relacionamento menos tenso e mais efectivo. Porém,
estes dois velhos amigos e aliados, pelo menos desde 1776, também tinham na agenda
outros assuntos como o défice energético europeu e, sobretudo, a guerra na
Ucrânia e, nesse ponto, surgiram algumas divergências. Ambos acusam Putin de
estar a levar a guerra a alvos civis e de utilizar o inverno para derrotar o
moral ucraniano, prometendo reforçar o seu apoio à Ucrânia, embora Macron
entenda que a guerra deva terminar rapidamente na mesa de negociações e não no
campo de batalha. Por isso, Macron entende que “o Ocidente deve dar garantias à
Rússia” e que é necessário “acomodar Putin”, o que não agrada aos falcões que o querem derrotar, mesmo que a Ucrânia seja destruída e o seu povo sofra.
De facto, desde o
início da guerra que Joe Biden e os seus amigos defendem que a Ucrânia deve ser
ajudada para vencer a guerra e que a Rússia deve ser derrotada, até porque essa
atitude fortalece a economia americana. Porém, a escolha de Macron como
interlocutor europeu dos Estados Unidos tem algum significado. Segundo os
analistas, o Reino Unido marginalizou-se com o Brexit e Rishi Sunak ainda está
a aprender, enquanto Olaf Scholz é cauteloso e ainda não tem a autoridade de
Angela Merkel. Por isso, Emmanuel Macron parece ser a pessoa certa para abrir
as portas a um cessar-fogo e a negociações de paz, pelo que até já anunciou que
voltará em breve a falar com Putin.
Nunca se falou
tanto em negociações de paz como nos últimos dias.
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