Nos últimos dias a Ucrânia tem assistido a um aumento da tensão e da
confrontação entre os apoiantes do regime instalado em Kiev que tem o apoio
ocidental e os separatistas pró-russos, sobretudo nas regiões do sul e do leste
do país. A imprensa ocidental trata este tema com profundidade, noticiando os
acontecimentos e afirmando uma vez mais que a Ucrânia está à beira da guerra
civil. Enquanto as autoridades que tomaram o poder nas ruas de Kiev defendem a
unidade da Ucrânia e a ligação ao ocidente, os separatistas pró-russos
reivindicam a criação de um estado federal, ou a independência, ou a sua
integração na Rússia em termos semelhantes ao que sucedeu na Crimeia. Os
acordos de Genebra, que foi negociado em Abril entre a Rússia, a Ucrânia, os
Estados Unidos e a União Europeia, previam que as milícias pró-russas
abandonassem os edifícios que ocuparam, mas estas recusaram-se a fazê-lo por não
terem sido consultadas. Nessas condições, as autoridades de Kiev decidiram impor
a ordem e avançaram com tropas sobre as cidades ocupadas. Os russos exigem que as tropas
ucranianas retirem, mas os ucranianos exigem que os russos retirem o seu apoio às
milícias.
Odessa e Slaviansk são duas cidades onde os separatistas ocuparam ruas e
edifícios que nesta altura escapam ao controlo das autoridades ucranianas.
Nessas circunstâncias, os confrontos são inevitáveis e ontem traduziram-se em
cerca de quatro dezenas de mortos, havendo também a registar o abate de dois
helicópteros militares ucranianos, empenhados nas operações de restabelecimento
da ordem, o que pressupõe a posse de armamento apropriado fornecido pelos russos. Os esforços diplomáticos já realizados e as sanções económicas já
decretadas contra a Rússia não produziram resultados no terreno e, nessas
condições, a guerra civil parece que já começou. A dúvida agora está em saber
como irá ser - mais ou menos musculada, mais ou menos prolongada - a intervenção
da Rússia de Vladimir Putin.
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