Desde há muitos
meses que temos escrito nesta janela que a Europa, a “velha Europa” que tem
sido o símbolo da civilização actual e que foi inspiradora do progresso humano
que circula pelo mundo, atravessa uma crise profunda por não ter líderes à
altura das circunstâncias e tão só umas figuras menores, deambulando vaidades
por cimeiras que as televisões promovem. Provavelmente, alguns deles nem leram
o Tratado de Roma, até porque ainda não eram nascidos. As Ursulas e os Macrons,
os Boris Johnson e os Mark Rutte são produtos de marketing, sem sabedoria nem
substância, que parecem obedecer a um poder que vem do outro lado do Atlântico
e que tremem perante um qualquer fanfarrão que os receba na sala oval da Casa
Branca, com pose intimidatória e agressiva.
Na sua edição de
hoje, a propósito da génese de uma nova ordem mundial, o jornal El
País escolheu como principal o título “Trump desnuda a Europa”. De
facto, é incrível e desoladora a forma como Donald Trump humilha toda a gente
e, especialmente, a debilitada Europa, à qual retirou qualquer influência nos
conflitos da Ucrânia e de Gaza e à qual até exige a compra de equipamento
militar, “dificilmente compatível com o seu estado de bem-estar social”. Com 27
soberanias na União Europeia e com 27 projectos políticos de variadas
tonalidades, os eleitores europeus não vão aceitar facilmente aquilo que os
seus líderes se propõem fazer para satisfazer a vontade do Donald em que, de
forma ostensiva para com todo o mundo, procura fazer a “America Grande outra vez”.
Há realmente um
problema sério na Europa e são poucos os que reagem, pois a maioria parece
aceitar a situação com subserviência, como se ela não existisse e opta por “esconder
a cabeça na areia”.
Pode ser que o bolso esteja roto, ou os que lá foram enfiados tenham a coragem de lhe fazer um buraco.
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