A Academia Sueca
anunciou ontem a atribuição do Prémio Nobel da Literatura de 2016 e, para surpresa
de toda a gente, mesmo para os mais entendidos em questões literárias, decidiu
distinguir Bob Dylan, um “não-escritor” que é o ícone da música popular americana,
por ter sabido criar “novas formas de expressão poética”. Sou daqueles que, depois de José Saramago (1998) e de Mário Vargas Llosa (2010), nunca ouvira falar nem lera nenhum dos mais recentes escritores distinguidos com o Prémio Nobel da Literatura. Porém, Bob Dylan era meu conhecido há muitos anos.
Bob Dylan tem 75
anos de idade, nasceu no Minnesota e dedicou-se à música desde a adolescência
como compositor e cantor, adquirindo notoriedade mundial, sobretudo através da
sua militância pela paz, contra o racismo e contra a guerra do Vietname. Depois
encontrou outras temas e foi reinventando a sua música, embora sempre dentro
daquilo a que se tem chamado a folk music.
Uma famosa revista americana elegeu-o como o sétimo maior cantor de todos os
tempos e o segundo melhor artista de música de sempre, logo a seguir
aos lendários The Beatles, a banda
inglesa sua contemporânea que nasceu em Liverpool. Uma das canções de Bob Dylan
intitulada Like a Rolling Stone que
foi apresentada em 1965, foi mesmo escolhida por aquela revista como uma das melhores de todos os
tempos.
Bob Dylan
apresentou seis concertos em Portugal: em 1993 no Coliseu do Porto e no Pavilhão
de Cascais, em 1999 no Pavilhão Atlântico e de novo no Coliseu do Porto, em
2004 em Vilar de Mouros e em 2008 no festival Nos Alive, em Algés. Há uma quase
unanimidade em torno do mérito da obra poética de Bob Dylan e, por isso, a
imprensa mundial destacou a atribuição do prémio como um sinal de mudança e de
aceitação de novos tempos, inclusive na cultura. O jornal francês Libération foi apenas um
dos muitos jornais de todo o mundo que hoje se renderam a Bob Dylan e à decisão da Academia Sueca.
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