A Europa está a
atravessar uma grave crise para a qual há diversas explicações, umas mais
alinhadas à direita e outras mais alinhadas à esquerda. O aumento do custo de
vida, o empobrecimento dos trabalhadores e da classe média, os horizontes
sombrios e sem perspectivas dos jovens e as reformas insuficientes que se fazem no
“Estado Social” e na “Economia do Bem-Estar”, estão a provocar uma onda de
protestos e muitas greves em vários países europeus, como salientava a edição
de ontem do elPeriódico de Barcelona.
As explicações
são diversas, sobretudo a não recuperação da pandemia do covid-19, a revolução tecnológica em curso e o impacto da guerra na
Ucrânia, mas também são apontadas as distorções do sistema financeiro internacional
e a ganância dos sectores energético, bancário e agroalimentar. Apenas sete
países da União Europeia aplicaram um imposto especial sobre lucros excessivos,
a mostrar como a maioria dos governos europeus parecem fazer como a avestruz e
esconder a cabeça na areia. Por tudo isso, as ruas de muitas cidades europeias “estão em
ebulição” com milhões de pessoas a protestar. Na Alemanha paralisaram os
transportes públicos com os trabalhadores a reclamar salários dignos, numa
greve descrita como a maior das últimas três décadas. No Reino Unido sucedem-se,
desde há alguns meses, os protestos de professores, funcionários, enfermeiros e
ferroviários. Uma situação semelhante, segundo o jornal, sucede em Portugal, nos
Países Baixos e na Bélgica, enquanto a paz social em França está abalada por violentos
distúrbios nas ruas, devido ao contestado projecto de alargamento da idade da
reforma.
A Europa,
envelhecida e altamente endividada, está realmente perante uma grave crise e sem
líderes capazes de a resolver, provavelmente numa decadência irreversível.
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