domingo, 31 de março de 2013

Can India become a great power?

Na sua última edição a revista The Economist dedica alguns artigos à Índia, um país do chamado grupo dos BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e South Africa  – interrogando-se sobre se o segundo país mais populoso do mundo se pode tornar numa grande potência.
O tema é muito oportuno, porque a Índia será brevemente a quarta potência militar mundial, aspira ao domínio da Ásia do Sul e é um mercado económico de elevado potencial. Tendo-se tornado independente em 1947, já sustentou guerras com os seus vizinhos - Paquistão e China – disputando com eles as fronteiras e alguns territórios fronteiriços, além de os considerar perigosas ameaças à sua integridade territorial. No entanto, enquanto ninguém duvida da ascensão da China ao estatuto de grande potência, havendo até quem fale de um G2, isto é, uma cúpula mundial polarizada pelos Estados Unidos e pela China, a Índia ainda não viu reconhecido esse estatuto, apesar da sua dimensão demográfica, potencial económico, mercado interno e crescente capacidade militar. De resto, a Índia nem sequer tem assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas, embora todos os seus membros permanentes apoiem a sua entrada nesse restrito clube.
Segundo o The Economist a Índia tem falta de “cultura estratégica” e “precisa de desistir da sua ultrapassada filosofia de não-alinhamento” para se tornar uma grande potência. A revista recorda a sua herança da potência colonial, designadamente as instituições democráticas, o sentido do Estado de Direito, o respeito pelos direitos humanos e muitos outros valores ocidentais, que não são integralmente partilhados pelos seus vizinhos. Ao invocar esssa herança, o The Economist presta-se a fazer lobbying a favor de um alinhamento com o ocidente (e com a sua indústria de armamento), ao querer desviar a Índia do seu tradicional aliado e principal fornecedor de equipamento militar que é a Rússia.
Porém, o país tem uma enorme diversidade étnica e linguística, enormes assimetrias de desenvolvimento, elevados níveis de pobreza e é muito vulnerável em termos energéticos, pois possui apenas 0,8% das reservas de petróleo e gás conhecidas. Por isso, a gestão do primeiro-ministro Manmohan Singh tem sido baseada numa combinação acertada entre “canhões e manteiga”, isto é, entre desenvolvimento económico, combate à pobreza, abertura ao exterior, coesão nacional, orçamentos militares e diversificação de alianças.  Para quem se interessa pela Índia e pelos seus problemas, é muito recomendável esta edição do The Economist.


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