sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O governo ataca os pensionistas de novo

Num exercício de cegueira política e de chocante insensibilidade social, o governo decidiu atacar uma vez mais aqueles que constituem a camada mais débil da nossa sociedade e, com um ar triunfante, anuncia as medidas tomadas. Não foi isso que prometeram em campanha eleitoral. Mentiram. Não merecem o nosso respeito!
Com mais esta violência vão arranjar duas ou três centenas de milhões de euros para reduzir o défice público em 0,2%, quando o mesmo resultado poderia ser conseguido por diversas outras vias, desde uma negociação com a troika, até ao corte de uma pequena fatia dos lucros da EDP. Os antigos ministros Bagão Félix e Ferreira Leite já explicaram como poderia ter sido evitado este ataque ao bolso e aos direitos dos pensionistas, porque as pensões não são um subsídio nem um favor. São um direito e resultam da regular entrega ao Estado de valores que as pessoas retiraram dos seus rendimentos salariais para receberem quando se reformam. O direito à pensão tem uma legitimidade igual ao direito à propriedade privada e, com estas decisões governamentais, o Estado está a perder a confiança dos cidadãos. Ao proceder ao confisco das pensões, o Estado deixa de ser uma pessoa de bem e mostra-se cada vez mais tomado por interesses e por promiscuidades, sem vontade de corrigir as desigualdades gritantes que atravessam a nossa sociedade, nem procurar servir o interesse público, nem o bem comum. O Jornal de Notícias informa hoje que 401.858 pensionistas, dos quais 262.577 pertencentes ao regime da CGA e 139.281 pertencentes ao regime da Segurança Social, vão ser afectados pela CES (Contribuição Extraordinária de Solidariedade), que vai passar a ser aplicada às pensões superiores a mil euros. Não são os mais pobres da sociedade, mas é para a pobreza que esta gente os quer atirar.

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