domingo, 16 de fevereiro de 2014

Uma Justiça que é cega e não funciona

A edição de hoje do jornal ABC afirma que em Espanha “a justiça não funciona” e o facto é que em Portugal, também ouvimos esta frase muitas vezes e até parece que, nesta matéria, ainda estamos pior que os nossos vizinhos.
Há poucos dias foi anunciada uma nova organização do sistema judiciário, que vai levar à extinção de 20 tribunais e à transformação de 29 que vão ser convertidos em secções de proximidade, isto é, meros balcões locais de atendimento. A Ordem dos Advogados já veio repudiar “a grave desqualificação” resultante da redução de comarcas que passam a ter a sua sede nas capitais de distrito, bem como o encerramento de tribunais e todas as medidas que põem em causa os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e o princípio basilar do acesso à Justiça. É evidente que a nova medida governamental apenas pretende reduzir custos e nada tem a ver com o funcionamento ou com rapidez da Justiça, nem com o respeito dos direitos dos cidadãos. Segundo tem sido dito, as novas medidas não vão produzir efeitos na melhoria do funcionamento do sistema judicial, nem vão melhorar as relações da Justiça com a Cidadania e a Economia, como seria desejável.
Recorde-se que o último relatório da Comissão Europeia para a Eficiência da Justiça (CEPEJ) divulgado há menos de um ano, mostrava que no ano de 2010, um caso cível a correr nos tribunais portugueses demorava em média 1096 dias a ser resolvido, isto é, quatro vezes mais do que a média da União Europeia. Por isso, também por cá podemos dizer que a Justiça não funciona, pois é incompreensível a sua morosidade sobretudo em casos graves – e tantos são – que se traduzem na perplexidade do cidadão comum face à demora e ao conteúdo de algumas decisões judiciais.

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