quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

“Mare Mortum” em balanço de fim de ano

Nesta época de fim do ano é habitual fazerem-se balanços sobre os acontecimentos mais relevantes que ocorreram no ano que finda. Este ano assim acontece.
No seu balanço do ano de 2016, o diário El Periódico que se publica em Barcelona decidiu evocar a tragédia do Mediterrâneo, onde nos últimos doze meses morreram mais de 5.000 pessoas que procuravam chegar à Europa para fugir da guerra, ou da pobreza ou, simplesmente, procuravam uma vida melhor. O Mare Nostrum dos Romanos que foi um símbolo de progresso civilizacional está transformado num Mare Mortum, como anuncia o título do jornal de Barcelona.
Esta evocação é uma oportuna chamada de atenção para todo o mundo e para muitos dos alucinados dirigentes que o governam e fecham os olhos a este tipo de tragédias humanitárias, mas é sobretudo uma valente bofetada nos dirigentes europeus que têm fortes responsabilidades na criação da dramática situação que tem acontecido no Mediterrâneo e para a qual têm sido incapazes de encontrar soluções. E nem é coisa que não tenha sido prevista por muita gente. Porém, o que tem acontecido é uma crescente subordinação da política aos interesses económicos e financeiros, numa relação em que os dirigentes são meros instrumentos dos interesses dos “mercados”. O respeito pelos direitos humanos e a solidariedade que devia ser praticada tornam-se secundárias. O ser humano é cada vez mais um número. A arrogância europeia é cada vez mais gritante. A sobranceria com que se olham os gregos ou os portugueses, não é muito diferente da indiferença com que olham os líbios, os sírios e outros povos que fogem da guerra.

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