terça-feira, 12 de junho de 2018

Os refugiados abalam a coesão europeia

No passado sábado foram resgatadas 629 migrantes que faziam a travessia do Mediterrâneo, em seis operações nas quais participaram unidades da ilha de Lampedusa, três navios mercantes e a ONG SOS Mediterrâneo. Essas pessoas foram recolhidas no Aquarius, um pequeno navio registado em França e que pertence àquela organização não governamental. Porém, as autoridades italianas proibiram o navio de atracar num porto italiano e pediram a Malta que recebesse esses migrantes porque o navio estava mais próximo de Malta do que da costa italiana, mas o governo de Malta recusou e atribuiu essa responsabilidade aos italianos. Estava criado um impasse, com dois estados-membros da União Europeia a recusarem o auxílio humanitário a que os obriga a lei internacional e a terem um comportamente absolutamente desumano e contrário à política da União Europeia, por deixarem à deriva um navio numa situação muito precária.
Porém, ontem o impasse foi desbloqueado quando Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, se ofereceu ontem para que o navio fosse acolhido no porto de Valência. Os chefes de governo de Itália, Giuseppe Conte, e de Malta, Joseph Muscat, agradeceram o gesto espanhol, enquanto Matteo Salvini, que é o ministro do Interior de Itália e que também é o líder do partido nacionalista e xenófogo Liga Norte, gritou “vitória” e “objectivo alcançado”, declarando que “salvar vidas é um dever, mas transformar a Itália num enorme campo de refugiados, não”.
Os jornais espanhóis, como por exemplo o ABC, tratam hoje este assunto com fortes elogios ao seu novo primeiro-ministro. O facto é que, a somar a muitos outros problemas que atravessam a Europa e a sua coesão, o caso do Aquarius e as declarações xenófobas de Salvini vieram lembrar que o problema dos refugiados continua por resolver.

Sem comentários:

Enviar um comentário