No passado sábado
foram resgatadas 629 migrantes que faziam a
travessia do Mediterrâneo, em seis operações
nas quais participaram unidades da ilha de Lampedusa, três navios mercantes e a
ONG SOS Mediterrâneo. Essas pessoas foram recolhidas no Aquarius, um pequeno navio registado em França e que pertence àquela
organização não governamental. Porém, as autoridades italianas proibiram o
navio de atracar num porto italiano e pediram a Malta que recebesse esses
migrantes porque o navio estava mais próximo de Malta do que da costa italiana,
mas o governo de Malta recusou e atribuiu essa responsabilidade aos italianos.
Estava criado um impasse, com dois estados-membros da União Europeia a recusarem
o auxílio humanitário a que os obriga a lei internacional e a terem um
comportamente absolutamente desumano e contrário à
política da União Europeia, por deixarem à deriva um navio numa situação muito
precária.
Porém, ontem o
impasse foi desbloqueado quando Pedro Sánchez, o primeiro-ministro espanhol, se
ofereceu ontem para que o navio fosse acolhido no porto de Valência. Os chefes
de governo de Itália, Giuseppe Conte, e de Malta, Joseph Muscat, agradeceram o
gesto espanhol, enquanto Matteo Salvini, que é o ministro do Interior de Itália
e que também é o líder do partido nacionalista e xenófogo Liga Norte, gritou “vitória”
e “objectivo alcançado”, declarando que “salvar
vidas é um dever, mas transformar a Itália num enorme campo de refugiados,
não”.
Os jornais espanhóis, como por exemplo o ABC, tratam hoje este
assunto com fortes elogios ao seu novo primeiro-ministro. O facto é que, a
somar a muitos outros problemas que atravessam a Europa e a sua coesão, o caso
do Aquarius e as declarações xenófobas
de Salvini vieram lembrar que o problema dos refugiados continua por resolver.
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