segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Negócios e política

A sociedade portuguesa está a atravessar um período de acentuada turbulência, sem se vislumbrar claramente como irá evoluir no futuro mais próximo. Como não bastassem a crise financeira e a estagnação económica, com as suas graves consequências sociais, estamos também confrontados com uma séria e preocupante crise da nossa democracia.
No passado Verão surgiram notícias que indicavam ter havido tráfico de informações entre interesses públicos (SIRP) e interesses privados (Ongoing Strategy SGPS, SA.), tendo os principais actores desse processo sido referenciados pelas suas ligações maçónicas.
Essa circunstância poderia não ter importância nenhuma. A Maçonaria é uma organização que se baseia em ideais nobres, como a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, mas também nos bons costumes, no espírito filantrópico e na busca da perfeição, visando a construção do homem novo e de uma sociedade mais justa. Tem, naturalmente, os seus códigos de conduta e os seus rituais a que os seus membros obedecem, tal como acontece em muitas outras corporações ou irmandades.
E aqui começa a contradição, sobretudo quando a organização cultiva o segredo e os seus membros desempenham cargos públicos. O culto da fraternidade e da obediência maçónica são prestadas à irmandade a que pertencem os cidadãos e não são feitas ao interesse público, o que pode originar que a defesa de interesses particulares e o tráfico de influências se sobreponham a tudo o mais. Segundo relata a Imprensa, assim parece ter acontecido com a já célebre Loja Mozart, onde sob a capa da fraternidade maçónica, existia uma grande promiscuidade entre negócios e política. A Imprensa também anunciou que os aparelhos partidários eram dominados pela Maçonaria, o que torna mais grave e mais preocupante esta situação.
Acontece que o SIRP (Sistema de Informações da República Portuguesa) está na dependência directa do Primeiro-Ministro e tem por finalidade a produção de informações necessárias à salvaguarda da independência nacional e à garantia da segurança interna. Por isso, não pode estar dominado por gente que não se sabe de onde veio e que, como se tem visto, não tem a noção de serviço público nem de missão cívica.
Quem olha por isto?

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