A recente aquisição de capital da EDP pela China Three Gorges Corporation (CTG) tem sido interpretada como uma operação enquadrada numa estratégia chinesa de entrada na Europa por uma porta que tem ligações ao Brasil e à África lusófona. Por isso, já foi evidenciado o interesse chinês em outros sectores da nossa economia, como a banca, a rede eléctrica ou a indústria automóvel.
No próximo dia 20 de Fevereiro vai realizar-se uma Assembleia Geral extraordinária da EDP, que será a primeira desde que o Estado vendeu 21,35% da empresa à CTG. De acordo com a respectiva convocatória, há uma proposta para que no triénio 2012-2014 o Conselho de Administração executivo tenha 7 membros e continue a ser presidido por António Mexia, havendo uma outra proposta para que o Conselho Geral e de Supervisão tenha 23 membros e seja presidido por Eduardo Catroga, um dos homens que negociou com a troika a privatização da EDP e que, só por isso, não devia ter ligação à mesma. Alguns desses membros representam os diversos accionistas, onde se incluem quatro chineses da CTG, mas há alguns deles que apenas se representam a si próprios, como sucede por exemplo com Catroga, Cardona, Teixeira Pinto, Rocha Vieira e Braga de Macedo, o que é um claro sinal de clientelismo partidário e, uma vez mais, de promiscuidade entre a política e os negócios. Como referiu o Diário de Notícias , as novas nomeações são todas da "cor do governo". Tomadas as devidas diferenças, vem-nos à memória o caso BPN, apesar de sabermos que as pessoas que governarão a EDP são profissionais e não deixarão de atender aos interesses chineses. Quanto aos novos supervisores, terão que acumular mais uma mordomia bem remunerada às que já têm e, provavelmente, até irão receber em géneros. É um caso exemplar de jobs for the boys!
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