quarta-feira, 19 de setembro de 2012

É necessário reciclar os deputados

Num ambiente de crise política e económica inicia-se hoje o ano parlamentar e, portanto, é uma boa oportunidade para alguns comentários, como de resto faz hoje o jornal Negócios, ao informar que “metade dos deputados acumula funções com o privado”.
O problema não é novo e, já no ano passado, tinha sido afirmado que o Parlamento “tem sido o centro de corrupção em Portugal”, que era uma megacentral de negócios, que 1/3 dos deputados tinha negócios com o Estado e que "parece mais um verdadeiro escritório de representações, com membros da comissão de obras públicas que trabalham para construtores e da comissão de saúde que trabalham para laboratórios médicos”. Ninguém negou isto. Lamentavelmente, os deputados até parecem que estão ao serviço de quem os financiou e não de quem os elegeu. Como diz o povo, é uma pouca vergonha.

Um ano depois as coisas não se alteraram. O Parlamento mudou de gente e hoje vemos as bancadas com demasiados deputados-cassetes, sem experiência nem ideias próprias, arrogantes e impertinentes, mas que têm um bom emprego. De facto, a remuneração média dos representantes dos poderes legislativo e executivo passou de 5.605,5 euros em Outubro de 2011, para 5.686,6 euros em Abril deste ano, significando que deputados e governantes estão a receber mais 81 euros por mês do que recebiam em 2011. Em tempo de dificuldade e aperto, dá que pensar. E o povo não gosta.

Nas actuais condições de grande nervosismo por que passa a sociedade portuguesa é preciso fazer uma grande reviravolta no Parlamento e uma verdadeira reciclagem aos deputados.  É necessária uma redução do seu número para não mais de uma centena; o corte das muitas mordomias de que usufruem; a mudança do regime de incompatibilidades; a revisão do seu estatuto, a começar pela deputada-Presidente, que foi reformada aos 42 anos de idade sem se saber porquê e com uma pensão antecipada que é um fardo para os contribuintes. Tudo isto é indispensável para vencer a crise. E que gastem menos, e que tenham vergonha, e que não sejam motivo de chacota, e que mereçam o nosso respeito.

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