quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O agente favorito da troika

Há vinte meses foi escolhido para dirigir as nossas Finanças Públicas um homem que decidiu retribuir o enorme investimento em educação que o Estado Português nele havia feito. Fizera muitos estudos e, certamente por mérito académico, passara pelo Banco de Portugal, pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia. Sempre bons gabinetes e boas poltronas. Nunca trabalhou numa pequena ou numa grande empresa. Nunca trabalhou numa fábrica, nunca conheceu uma herdade agrícola e nunca andou em alto mar numa traineira. Não sabe o que é o drama de não ter salário, nem a angústia do gestor que não tem dinheiro para pagar salários, nem o nervosismo do empresário a quem é recusado o crédito. Pois foi esse homem que aceitou entrar no governo como se o país fosse um campo de experimentação de teorias financeiras neo-liberais, confundindo conhecimentos académicos com realidades políticas e sociais.
Ao fim de vinte meses de austeridade sobre austeridade e de mentiras sobre mentiras, a sua acção deu origem a um gravíssimo panorama de empobrecimento, desemprego, emigração e falências, num ambiente de recessão económica, depressão psicológica e desagregação social. A dívida pública e o défice orçamental agravam-se. A esperança está perdida. O homem fracassou. Não acerta uma. Não deu ouvidos a ninguém e revelou-se um absoluto ignorante do nosso tecido económico e social. As suas previsões falham sempre e, mais grave, as suas políticas também. Teimosamente, ele continua a insistir nos erros e a revelar uma enorme insensibilidade social, que quase chega à arrogância. Objectivamente, ele não está ao serviço dos portugueses e limita-se a obedecer à troika. É o seu agente favorito em Portugal.

1 comentário:

  1. Mais uma derrota (em sentido naval) lúcida, certeira e incisiva, nesta rua de sentido único, já que não há lá embarcação que não te acompanhe.
    Que mantenhas a mão firme no leme por muitas outras navegações.

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