quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os tempos de incerteza na banca

O jornal i anuncia hoje que os cinco maiores bancos a operar em território português – CGD, BCP, BPI, BES e Santander Totta - têm 23 mil milhões de euros de crédito mal parado ou crédito em risco, correspondentes a cerca de 8,1% do total da carteira de crédito e que representam quase 14% do PIB.
A situação é grave em termos quantitativos mas, sobretudo, é grave em termos de tendência evolutiva, pois são sinais a revelar mais tempos de incerteza na banca. De facto, em finais de 2011 o crédito em risco destes cinco bancos era de 17,8 milhões de euros e, um ano depois, tinha subido para 23,3 milhões de euros, significando que em doze meses o crédito em risco aumentou em 5,5 mil milhões de euros e que o rácio do crédito em risco passou de 5,9% para 8,1%.
Em termos globais, o maior agravamento verificou-se no crédito às empresas, sobretudo nos sectores da construção, do imobiliário e do comércio, mas também houve agravamento no crédito a particulares, embora a aquisição de habitação tenha continuado a ser o segmento de crédito menos gravoso, com taxas pouco acima de 1%.
Esta enorme volume de crédito em risco, resulta em primeiro lugar de uma conjuntura económica recessiva que se tem agravado e para a qual continua a não haver reacção governamental, mas também é uma herança dos tempos de deslumbramento, de ganância e de loucura que tomou conta da banca um pouco por todo o mundo. Entretanto, como a nossa economia se continua a afundar, parece não haver dúvidas de que o crédito mal parado continuará a agravar-se nos próximos tempos e, como sempre, essa factura acabará por cair sobre os nossos ombros. São tempos de incerteza na banca e, naturalmente, para cada um de nós, como de resto se viu com o BPN.

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