A edição de hoje do Correio da Manhã inclui uma notícia com o sugestivo título – ‘Bombas dão milhões ao Fisco – revelando que industriais dos sectores têxtil e do calçado, construtores civis, promotores imobiliários, advogados e gente do futebol ficaram sem os seus carros topo de gama para pagar as dívidas fiscais das suas empresas. A penhora de automóveis para pagamento de dívidas fiscais é uma prática corrente em Portugal.
Em 2011 houve 8.491 veículos penhorados e vendidos, mas porque o processo de penhora e venda foi agilizado, em 2012 foi possível penhorar e vender 21.499 automóveis. De acordo com a informação do jornal foram penhorados e vendidos dois Rolls-Royce (160 mil euros), dois Aston Martin D89 (250 mil euros), seis Ferrari Testarossa (175 mil euros), nove Lamborghini (100 mil euros), vinte e cinco Aston Martin Vanquish (220 mil euros) e dezassete Porsche 911 (80 mil euros). No lote de veículos penhorados e vendidos pela Administração Fiscal ainda se encontravam 1.097 Volkswagen, 1.065 Mercedes, 514 BMW, 437 Volvo e 290 Audi.
Este quadro é absolutamente lamentável e envergonha-nos, mostrando como temos sido insultados por esta gente e por quem fechou os olhos ao seu exibicionismo e à sua continuada prática de evasão fiscal. Porém, estes números também nos ajudam a compreender muita coisa. Na realidade, eles parecem mostrar que uma parte dos fundos estruturais destinados à modernização do sector produtivo português, que passaram a ser recebidos depois de Janeiro de 1986, foi canalizada para a aquisição de veículos de luxo e serviram para alimentar o novo-riquismo lusitano. O Fisco actuou e é caso para dizer que mais vale tarde que nunca.
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