quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Uma andorinha só não faz o Verão

A imprensa anunciou hoje que, de acordo com o INE, no segundo trimestre de 2013 o produto interno bruto cresceu 1.1%. Com muita imaginação, o jornal i deu à notícia o título - Provavelmente a melhor notícia do Verão - em clara alusão ao slogan da marca de cervejas de onde provém o actual ministro da economia. Outro jornal dizia que o PIB português voltou a crescer ao fim de 913 dias. Outro, ainda, revelava que no 2º trimestre, a economia portuguesa fora a que mais crescera em toda a União Europeia. Ninguém tem dúvidas de que, como diria o comentador de Azurém, é uma boa notícia, um sinal de que podemos estar a inverter um ciclo depressivo com dois anos e meio e, evidentemente, um estímulo para a confiança dos agentes económicos.
Porém, surgiram imediatamente uma série de declarações disparatadas e enviezadas a respeito da realidade e destes números, que não foram veiculadas pelo governo, mas por alguns analfabetos que, cheios de imbecilidade e de sabujice, não perceberam o significado deste valor de 1.1%.
Na realidade, a nossa economia está 2% pior do que estava em 2012 e estes números não nos podem enganar e, o que é preocupante, pouco tem sido feito para travar este ciclo depressivo. A marcha concertada entre troika e o governo que levou a um desemprego intolerável, que mandou emigrar uma geração de jovens qualificados, que agrediu os reformados sem dó nem piedade, que despede os funcionários públicos, que corta nas prestações sociais, que olha para o país com a insensibilidade de um contabilista, não é o caminho certo como já todos concluiram. Por isso, esta pode ser a melhor notícia do Verão, mas não nos pode iludir. E o ministro da economia foi inteligente, prudente e sensato nas declarações que fez.

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