domingo, 15 de setembro de 2013

R.I.P. Kiyoshi Kobayashi

A Federação Portuguesa de Judo anunciou a morte de Kiyoshi Kobayashi que, aos 88 anos de idade, faleceu no Japão.
Se Wenceslau de Morais foi o português que adoptou o Japão, Kobayashi foi o japonês que adoptou Portugal. Assisti algumas vezes às suas aulas, mas nunca foi meu treinador, nem nunca tivemos qualquer contacto. No entanto, muitos dos meus amigos conviveram e aprenderam com ele, elogiando-lhe sempre a sua correcção de atitude, a sua educação e o seu bom trato. Nascido a 9 de Abril de 1925, o mestre Kiyoshi Kobayashi integrou um grupo japonês que fez um périplo mundial para divulgar as artes marciais e a cultura nipónica, tendo visitado os Estados Unidos, o Médio Oriente e a Europa. Em 1958 chegou a Portugal com o objectivo de dedicar dois anos ao ensino do judo, mas acabou por ficar meio século. Nessa altura o judo era praticamente desconhecido em Portugal e o seu trabalho e a sua dedicação foram contributos importantíssimos para a sua divulgação, fazendo com que se tornasse numa das modalidades com mais praticantes em Portugal e que, inclusive, tivesse proporcionado uma medalha ao nosso país em 2000 nos Jogos Olímpicos de Sydney. O mestre Kiyoshi Kobayashi foi seleccionador e treinador da selecção nacional, tendo liderado as equipas nacionais nas mais importantes competições internacionais. Tinha uma das mais altas graduações de judo, o nono dan – em dez possíveis no cinturão negro – que lhe foi atribuído pela Federação Internacional em 1999 e tem sido, justamente, considerado o “pai do judo português”.
Apesar de ser médico de profissão, o mestre Kiyoshi Kobayashi dedicou-se principalmente ao ensino do judo, tendo colaborado com diversas escolas e ensinado milhares de praticantes. E há uma lenda a respeito de mestre Kiyoshi Kobayashi que vai ficar connosco: aos 19 anos de idade, durante a II Guerra Mundial, fez parte dos esquadrões kamikaze e terá cumprido e sobrevivido a duas missões. Tinha regressado ao Japão há três anos.

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